Brasileiros não querem deixar Xangai
Coracão financeiro e econômico da China, a movimentada cidade de Xangai é um mosaico de nacionalidades e culturas diferentes. Empresas, bancos e instituições do mundo inteiro se instalam aqui, porta de entrada para um dos mercados que mais crescem no mundo. E os brasileiros que vivem por aqui, não querem mais deixar a cidade.
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Por Ana Carolina Dani, enviada especial da RFI a Xangai
Com mais de 18 milhões de habitantes, Xangai é também uma das maiores megalópoles do planeta, com seus arranha-céus, lojas e shopping centers. Andar pelas ruas de Xangai é cruzar gente do mundo inteiro. Uma característica da imigração de brasileiros em Xangai é a mão-de -obra qualificada. Poucos são os brasileiros que desembarcam na cidade para tentar ganhar a vida como lavador de pratos, empregadas domésticas, babás ou outros trabalhos de menos qualificação. A maioria já chega com emprego, enviados por firmas ou escritórios que tentam expandir os negócios na Ásia.
Segundo o consulado do Brasil, cerca de 6 mil brasileiros vivem na China, sendo 2 mil em Xangai. Muitos são engenheiros, administradores de empresa, professores, pilotos e profissionais de áreas diversas como dança, informática, comércio e moda. É o caso de José Manoel Enesoe Chan, professor de moda, designer e fashion moda junto ao Raffles Design Institute, dentro da Dong Hua University Campus, em Xanghai. Natural de São Paulo e descendente de chineses, José Chan decidiu se mudar para Xangai quando viu um anúncio em um jornal brasileiro para trabalhar como professor do moda na China. Um mês depois, o brasileiro, de 43 anos, estava lecionando em Xangai.
"O salário é semelhante, mas as outras condições são melhores. Estar em um outro país, aprendendo um outro idioma e trabalhar com professores de diferentes países, já compensa a mudança. Morar em Xangai, já é uma experiência unica, não precisa nem estar trabalhando", diz. José Chan conta que, apesar de ser descendente de chinês, a adaptação não foi fácil. "No começo me sentia muito sozinho, não conhecia ninguém e o idioma é dificílimo", explica.
Para matar as saudades, Chan começou a frequentar uma churrascaria brasileira. Ele ia quase todas as noites e acabou conhecendo muitos brasileiros expatriados. No começo foi importante o contacto com os compatriotas, mas hoje José Chan se diz muito mais à vontade. Tem amigos chineses e diz que não quer mais deixar Xangai.
Andrizza de Freitas, natural do Rio Grande do Sul, vive em Xangai há 5 anos. Ela deixou o Brasil para fazer um turnê com uma companhia de dança na China. Durante quase um ano e meio, rodou todo o país, apresentando espetáculos de dança brasileira e, quando terminou a turnê, decidiu ficar em Xangai. "Foi uma experiência fantástica. A China é um país de muitos contrastes. Nós passamos tempos em hotéis maravilhosos. A gente fazia viagem de trem, de avião, de barco e, na época das nevascas, tínhamos que parar em hotéis de beira de estrada, super simples. Foi uma experiência profissional e pessoal muito valiosa", conta.
Andrizza de Freitas
Sorridente, atenciosa, com seus longos cabelos loiros encaracolados, Andrizza diz que, hoje, conquistou seu espaço em Xangai. Ela trabalha em uma escola de dança internacional e também da aulas em clubes, academias e escolas de educaçao infantil de balé classico, dança de salão, salsa e ritmos brasileiros. Andrizza conheceu o namorado, também gaúcho, aqui e diz que também não tem vontade de deixar Xangai, mas conta que nem sempre é facil se adaptar aos hábitos e costumes diferentes.
"O que eu sinto aqui na China é que eles não acompanharam a evolução tecnológica. Parece que os chineses ainda não evoluíram em algumas questões como hábitos de higiene. A questão cultural pra eles ainda é muito forte. Tem coisas que ainda chocam. A forma como eles comem, por exemplo. Eles fazem muito barulho enquanto comem. Eles soltam puns, arrotam. Têm o hábito muito feio de escarrar na rua”, explica, um pouco sem jeito, a jovem dançarina.
Paulo César Silva
Paulo César da Silva está ha 13 anos em Xangai. Ele é do Rio de Janeiro e trabalha como músico, tocando samba e outros ritmos em restaurantes brasileiros. Hoje, ele é casado com uma chinesa, com quem tem um filho. Segundo ele, os chineses não são tão diferentes asism dos brasileiros. “São alegres e gostam de beber cerveja, muita cerveja. A gente não aguenta acompanhar."
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