Kadafi mantém ofensiva e líderes europeus preparam resposta à Líbia
Forças leais a Kadafi lançam nova ofensiva nesta quinta-feira à leste da Líbia contra insurgentes e, segundo testemunhas, o regime retomou o contrôle de Al Zawiyah, cidade considerada estratégica. No plano diplomático, líderes europeus começam série de reuniões para discutir melhor resposta à crise líbia.
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No vigésimo terceiro dia de violenta insurreição na Líbia para derrubar Muammar Kadafi, as forças do ditador bombardeiam zonas petrolíferas no leste do país controladas pelos opositores. A refinaria de petróleo As Sidra, na cidade portuária de Ras Lanuf, no leste, foi atingida nesta quarta-feira.
Os insurgentes dizem que os depósitos de petróleo não foram destruídos, apenas um navio petroleiro pegou fogo, provocando a formação de enormes colunas de fumaça. A oposição a Kadafi acha que o ditador tenta desorganizar a produção petrolífera para intimidar a comunidade internacional.
Os combates também são intensos a 50 quilômetros a oeste de Trípoli, onde os insurgentes teriam retomado o controle de Zawiyah, invadida pelas forças pró-Kadafi. Segundo um médico da cidade, corpos estão estendidos nas ruas do centro, inclusive de idodos, mulheres e crianças.
Pelo menos 40 pessoas teriam morrido em Zawiyah . A rede de tevê Al Jazira informa que vários homens de Kadafi morreram nos combates, entre eles um general e um coronel. O chefe da oposição líbia, Mustafa Abdel Jalil, fez um apelo para que a comunidade internacional ajude os insurgentes, criando uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia.
Zona de exclusão
Os ministros europeus das Relações Exteriores se reúnem nessa quinta-feira em Bruxelas, para discutir uma resposta comum sobre a crise na Líbia. Paralelamente, os ministros de Defesa dos países membros da Otan também vão se reunir para discutir sobre o mesmo tema. A criação de uma zona de exclusão aérea na Líbia deve ser um tema comum na pauta das duas reuniões.
A Comissão Europeia também deve discutir o lançamento de uma missão humanitária e apresentar sua estratégia para acompanhar os países às margens sul do Mediterrâneo, em sua transição democrática.
A reunião dos ministros europeus deve preparar a reunião de cúpula dos chefes de estado e de governo da União Europeia, prevista para esta sexta-feira. Questões como o apoio aos rebeldes líbios e à oposição do regime de Muammar Kadafi, devem ser tratadas.
A chefe da diplomacia do bloco, Catherine Ashton se recusou nessa quarta-feira, em Estrasburgo, a reconhecer o Conselho Nacional de Transição da Líbia como órgão representante legítimo do povo líbio. Apesar das pressões dos eurodeputados para que o Conselho fosse reconhecido, a ministra afirmou que ainda é cedo para reconhecer o órgão.
A hipótese da zona de exclusão aérea na Líbia também está longe de ser aceita por todos. França e Grã-Bretanha militam pela zona de exclusão, mas seus aliados ocidentais, principalmente os Estados Unidos, continuam divididos sobre a iniciativa.
Na segunda-feira, o secretário de defesa americano, Robert Gates, disse que para declarar a exclusão do espaço aéreo da Líbia, seria necessário um ato de guerra que implicasse a destruição de sistemas de defesa anti-aéreos do país. O secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, declarou nessa quarta que uma intervenção militar não está nos planos dos países membros.
Em sua batalha diplomática, o coronel Kadhafi enviou nesta quinta-feira à Grécia o vice-chanceler Mohammed Taher Siyala. Ele se reuniu em Atenas durante 50 minutos com a secretária grega das Relações Exteriores Dimitris Dollis.
Não houve declaração após o encontro, realizado a portas fechadas. Nenhuma informação foi divulgada sobre a agenda e o período em que o representante do governo líbio vai passar no país.
Reconhecimento
Em Paris, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, recebe esta manhã dois representantes do Conselho Nacional de Transição na Líbia, o CNT, formado pela oposição em Benghazi, para fazer um balanço do conflito e da situação humanitária na Líbia.
Durante o encontro, o Palácio do Eliseu afirmou que reconhece a legitimidade do Conselho como representante do povo líbio.
Sarkozy é o primeiro chefe de Estado ou de governo da União Europeia a encontrar representantes da oposição líbia desde o início da mobilização popular em fevereiro.
O CNT é alvo de Kadhafi. O ditador chegou a prometer uma recompensa a quem entregasse o presidente do grupo ao seu regime.
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