Costa do Marfim monopoliza imprensa francesa
O impasse depois das eleições presidenciais e o aumento da tensão no país africano ocupam as páginas principais dos jornais de hoje, principalmente depois que a França e outras nações europeias aconselharam seus cidadãos a deixar o país.
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Foi em um helicóptero da ONU que o repórter Christophe Ayad, do jornal Libération, de esquerda, conseguiu chegar ao Hotel do Golfo, na capital econômica Abidjan, para realizar uma entrevista exclusiva com Guillaume Soro, o primeiro-ministro designado pelo vencedor das presidenciais reconhecido pela comunidade internacional, Alassane Ouattara.
O premiê costa-marfinense denuncia a ditadura instaurada por Laurent Gbagbo, presidente derrotado que se recusa a deixar o poder, e faz um apelo para que o povo resista.
Refugiado por medida de precaução neste hotel cinco estrelas, ao lado do presidente e de toda a equipe do novo governo, o premiê conta ao repórter as difíceis condições de trabalho, sob a proteção de forças neutras da ONU e da missão francesa Licorne, composta por 900 homens.
Guillaume Soro cita o grande escritor francês, Victor Hugo: "Face à ditadura, a revolta é de direito", justificando seu apelo aos partidários para sairem às ruas e enfrentarem as tropas de Gbagbo. Para Libération, a comunidade internacional não vê saída para esta crise.
"A França convida seus cidadãos a deixar a Costa do Marfim", anuncia o diário econômico Les Echos, publicando uma foto impressionante de uma manifestação de mulheres, no bairro dos abatedouros de gado, protestando contra as batidas aleatórias e sequestros noturnos de opositores cometidos por homens armados do campo de Laurent Gbagbo.
A mesma manchete pode ser lida no Figaro, de direita, que esclarece que a França ainda não fala em ordem de retirada para seus cidadãos, mas "em simples medida de precaução provisória até que a situação se normalize."
O diário popular Le Parisien analisa que, diante da inflexibilidade de Laurent Gbagbo, a possibilidade do recurso à força começa a ser estudada.
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