Dilma é a "quase rainha" do Brasil, diz Libération
A reta final para as eleições presidenciais no Brasil continua a interessar a imprensa francesa. Os desafios do novo presidente e o tom conservador que apareceu nessa reta final da campanha no segundo turno foram os principais destaques da cobertura francesa.
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O jornal de esquerda "Libération" traz duas páginas dedicadas às eleições no Brasil. O "Libé" diz que Dilma deve ser eleita nesse domingo, mas a correspondente em São Paulo, Chantal Reyes, diz que a campanha foi decepcionante. Isso não impede, porém, o título bastante elogioso na capa: "Dilma, a quase rainha do Brasil". Na avaliação do jornal, a campanha presidencial foi uma mera formalidade. Com mais de 80% de aprovação ao governo de Lula, a transferência de votos do atual presidente brasileiro para Dilma era quase uma certeza.
Numa entrevista de página inteira, a candidata do PV Marina Silva, que abocanhou 19% dos votos no primeiro turno, afirma que seu resultado mostra que a sociedade brasileira procura uma terceira via.Ela afirma ao jornal que a neutralidade nesse segundo turno é essencial para consolidar o seu projeto alternativo. Ou seja, longe dos grandes partidos e das alianças tradicionais.
Para o jornal econômico, "Les Echos", Dilma é mais que favorita nesse domingo. Mas o diário lembra que, se eleita, ela terá a enorme missão de manter um crescimento forte e lutar contra as fragilidades do Brasil: educação, infraestrutura, burocracia, tributação e custo do crédito.
Destacando a ascensão do conservadorismo na disputa do segundo turno, o jornal comunista "L'Humanité" analisa que a campanha eleitoral no Brasil nesse segundo turno foi marcada pela luta entre a Bíblia e o capital.
Greves
Para o "Le Figaro", de direita, os protestos de ontem foram um fracasso. A foto escolhida para ilustrar a capa mostra poucos manifestantes e o jornal afirma que a adesão ao movimento está em queda livre. O jornal também destaca que o abastecimento de combustível pelo país está melhor, mas a evolução é lenta. 20% dos postos de gasolina também continuam a enfrentar problemas de estoque.
Sobre a greve, o "Libération" avalia que ainda que menos pessoas tenha ido protestar ontem, novas formas de adesão à mobilização social têm surgido. Citando o politólogo Philippe Corcuff, o jornal qualifica esse movimento de "guerrilha social". Essa nova forma de greve assume a forma de bloqueios de estradas, paralisações-relâmpago, piquetes em aeroportos e repartições públicas... Tudo isso, a julgar pelas últimas sondagens, apoiado pela maioria dos franceses.
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