Jornais trazem análise sobre a entrevista de Sarkozy à tevê

Os jornais de 13 de julho destacam a longa entrevista de tevê concedida ontem pelo presidente francês, Nicolas Sarkozy. O principal tema ressaltado pela imprensa é o projeto de reforma das aposentadorias e a manutenção no cargo do ministro do Trabalho, Eric Woerth, apesar do escândalo Bettencourt.

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, pronunciou-se nesta segunda-feira em rede nacional. Reuters

O jornal de esquerda Libération afirma que o presidente se defendeu dos ataques nos últimos dias, provocados pelo escândalo Bettencourt e o ministro do Trabalho, Eric Woerth, evocando a tese da calúnia e do complô destinado a sabotar a reforma das aposentadorias.

O diário comunista L'Humanité diz que o combate contra a reforma está só começando. Os sindicatos e a oposição de esquerda se mobilizam para combater o projeto que amplia a idade mínima da aposentadoria para 62 anos em lugar dos atuais 60 anos. L'Humanité informa que os sindicatos convocaram uma manifestação hoje, a partir do meio dia, diante do Ministério do Trabalho, em Paris, para mostrar ao governo as exigências dos trabalhadores.
O principal ponto de resistência é o não reconhecimento pelo governo de atividades precárias, como o trabalho noturno, que deveriam, na visão dos sindicatos, dar direito à aposentadoria aos 60 anos.
O diário comunista cita dados de um relatório oficial que informa que 2,5 milhões de trabalhadores franceses são submetidos a horários de trabalho alternados, dia e noite, sendo que 20% trabalham exclusivamente durante a noite. A maior parte desses empregos são ocupados por mulheres e, segundo estudos científicos, o trabalho noturno reduz a esperança de vida, aumentando o risco de doenças cardiovasculares.

O jornal especializado em economia Les Echos cita em manchete uma frase dita por Sarkozy: "reformar é chacoalhar benefícios adquiridos". Segundo o jornal, o projeto do governo prevê a aposentadoria antecipada para somente 10 mil trabalhadores, o que está longe de satisfazer às exigências dos sindicatos.

O jornal católico La Croix faz várias simulações para mostrar aos trabalhadores o que vai muda nas pensões com a reforma.