Jornais discutem reação do governo ao escândalo Woerth/Bettencourt

O escândalo envolvendo a herdeira da l'Oréal, Liliane Bettencourt, e o tesoureiro do partido governista, Eric Woerth, que é também ministro do Trabalho, continua dominando as manchetes dos principais jornais da França nesta quinta-feira.

liberation.fr

"Caso Bettencourt: cinco perguntas para Sarkozy", diz a manchete de Libération. O jornal de esquerda publica trechos dos livros de contabilidade da ex-contadora de Liliane Bettencourt, Claire Thibout. Ela afirmou no início da semana que a bilionária teria feito doações ilegais à campanha eleitoral de Nicolas Sarkozy em 2007, o que levou a justiça francesa a abrir uma investigação preliminar sobre o financiamento da UMP, o partido do atual presidente. "O governo deve responder de maneira precisa e franca às questões levantadas pelo caso Woerth/Bettencourt", exige o editorial de Libération.

"Caso Bettencourt: Fillon vai para a linha de frente", diz a manchete de Le Figaro. Segundo o jornal conservador, o presidente Sarkozy não quer dar a impressão de ceder à pressão da mídia fazendo uma declaração pública sobre o escândalo, e por isso manda seu primeiro-ministro para a frente de batalha. Diante dos deputados da UMP, François Fillon declarou ontem que não haverá mudanças no governo a curto prazo.

"A fratura judiciária" é a manchete de L'Humanité. "Dura com os pobres, conciliadora com os poderosos, a justiça não tem recursos para julgar de maneira equitável os crimes ordinários e investigar sobre a grande delinquência financeira", afirma o jornal comunista.

Já o diário católico La Croix destaca em sua primeira página as conclusões de um relatório da Cimade, uma associação que defende os direitos de imigrantes e refugiados. Segundo o documento, os vistos para a França são cada vez mais difíceis de se obter, sobretudo nos países africanos.

Os jornais franceses desta quinta-feira também dão espaço para uma análise de dados do Instituto Nacional de Estudos Demográficos mostrando que o padrão dos nascimentos na França mudou. Durante os anos 70 e 80, uma boa parte deles se concentrava na primavera, mas hoje os bebês se dividem de maneira uniforme durante todo o ano. Há porém um pico de nascimentos em torno do dia 25 de setembro, um fenômeno que ocorre em toda a Europa e que seria consequência das comemorações de Ano Novo.