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Imprensa

Jornais aprovam demissão de secretários "gastões"

A imprensa francesa felicita, nesta terça-feira, a demissão inesperada de dois secretários de Estado do governo Sarkozy acusados de cometer abusos com dinheiro público. Um comprou charutos; o outro, alugou jatinho particular para uma viagem ministerial.  

Título da capa do jornal l'Humanité: "A direita abalada pelo dinheiro".
Título da capa do jornal l'Humanité: "A direita abalada pelo dinheiro". l'Humanité.fr
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O jornal comunista L'Humanité diz em manchete que a direita francesa está corroída pelo dinheiro. A demissão inesperada de dois secretários de Estado, acusados de cometer abusos com dinheiro público, pode ser o anúncio de um tsunami com repercussões eleitorais imprevisíveis, na opinião do jornal.

Alain Joyandet, secretário de Estado para a Cooperação, vinha sendo criticado desde março, por ter alugado um jatinho, no valor de 116 mil euros, para participar de uma conferência internacional sobre a reconstrução do Haiti na Martinica. O caso acabou sendo abafado pelo governo, mas as críticas foram relançadas quando, em junho deste ano, um jornal francês revelou que Joyandet havia beneficiado de uma licença ilegal para realizar obras em sua casa.

O outro secretário que teve de deixar o governo, Christian Blanc, era responsável pela pasta de Desenvolvimento da capital. Blanc estava na mira da imprensa e da opinião pública desde que foi revelado que ele teria pago, com dinheiro público, 12 mil euros, cerca de 26 mil reais, em charutos cubanos para consumo pessoal.

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, planejava afastar os dois secretários do governo em setembro. O chefe de Estado sabe que as mordomias ministeriais são um veneno à política de redução de gastos públicos e de moralização da administração pública que ele tenta impor nesse momento.

Para o jornal de tendência socialista Libération, a saída dos dois secretários acontece tarde. O jornal afirma que, em outras democracias europeias, os erros cometidos por políticos, ainda que pouco dispendiosos, teriam levado à demissão instantânea dos protagonistas. "A França, nesse caso, é uma exceção", diz o jornal, que aponta o que chama de uma "cultura do privilégio, que abala o crédito moral da classe dirigente".

O jornal conservador Le Figaro afirma, em seu editorial, que Christian Blanc e Alain Joyandet representavam o que os franceses não aceitam mais, ou seja, a falta de rigor no exercício da função pública e uma certa insolência na maneira de ser. Para o jornal, o presidente francês deve ser implacável ao sancionar esse tipo de comportamento.

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