Contágio da crise grega preocupa imprensa francesa

A nova turbulência nos mercados mundiais, provocada pelo medo de contágio da crise grega em outros países da zona euro, preocupa os jornais franceses desta quarta-feira.  

Greve geral na Grécia contra o plano de austeridade do governo. Reuters

Depois da Grécia, os mercados especulam contra a Espanha, informa o Le Figaro. O jornal conservador afirma que o mega pacote de ajuda de 110 bilhões de euros a Grécia não conseguiu acabar com a crise de confiança. Os boatos de que a Espanha também enfrenta dificuldades financeiras derrubaram as bolsas na terça-feira e desvalorizaram o euro a menos de um dólar e 30 centavos, a pior taxa dos últimos 12 meses. Les Echos completa dizendo que os desmentidos categóricos do primeiro-ministro espanhol José Luís Rodrigues Zapateiro não serviram para acalmar os especuladores e que nem mesmo Wall Street escapou da tormenta. O jornal econômico lembra que a capacidade de Portugual pagar sua dívida também preocupa. A pressão aumenta para que o Banco Central Europeu adote medidas suplementares. Para o Les Echos, a poucos dias da cúpula europeia que deve ratificar o pacote de ajuda à Grécia, esse nova onda de crise pode mergulhar os líderes europeus num impasse.

Em entrevista exclusiva ao jornal Le Parisien, o diretor-geral do FMI, Dominique Strauss-Kahn, disse que tudo deve ser feito para evitar o contágio da crise grega à outros países europeus. Ele avalia que os riscos são grandes, mas descartou que a França possa ser atingida. A crise grega também está estampada nas primeras páginas dos jornais de esquerda L'Humanité e Libération, mas estes jornais preferem destacar a greve geral dos trabalhadores gregos desta quarta-feira contra o plano de austeridade do governo. A paralisação de hoje será um grande momento de luta do povo grego contra o plano de austeridade imposto ao país pela União Europeia e pelo FMI. Libération informa que milhares de manifestantes desfilaram em Atenas na terça-feira preparando a greve geral de hoje e que o clima no país é tenso.

Libé também destaca em manchete e em primeira mão a decisão do diretor-geral do FMI, Dominique Strauss-Kahn de disputar as eleições presidenciais francesas de 2012.