Imprensa francesa analisa e critica gestão do caos aéreo europeu provocado por vulcão

Neste começo de semana, todos os jornais questionam, analisam, comentam e especulam a gestão e os desdobramentos do fechamento dos aeroportos europeus, devido à nuvem de cinzas do vulcão islandês Eyjafjallajokull.

Aviões parados no aeroporto de Stuttgart, na Alemanha. Reuters

O diário econômico Les Echos fala das primeiras polêmicas sobre o custo do bloqueio aéreo e as perspectivas de que o problema continue nesta semana. Na França, o governo já decidiu manter os aeroportos do norte do país fechados até a manhã de terça-feira. Esse bloqueio, no entanto, é fortemente criticado pelas companhias aéreas, que exigem uma reavaliação imediata das medidas. Les Echos faz as contas e conclui que o prejuízo deve ser da ordem de 200 milhões de dólares por dia, para um setor já gravemente afetado pela crise financeira global.

Libération, o jornal de esquerda, pergunta se não está havendo um excesso de precaução. No editorial, escrito por François Sergent, a constatação é que não houve uma coordenação europeia na administração dessa situação inédita, ou seja, cada país do bloco fechou seu espaço aéreo sem consultar ou combinar com o outro; o ideal seria o levantamento de elementos concretos pela União Europeia, como reclama o principal sindicato dos pilotos franceses.

Le Figaro, de direita, anuncia que a nuvem vulcânica deixou 150 mil franceses "de molho" pelos aeroportos desse mundo. O assunto ocupa diversas páginas do jornal.
"O céu europeu espera o dia de clarear", é o sugestivo título do jornal católico La Croix, que informa que o tráfego aéreo deve ser retomado pouco a pouco depois que testes foram realizados, com êxito, por diversas companhias.

O jornal comunista L'Humanité, abordando o problema sob um outro ângulo, publica uma entrevista com um famoso filósofo francês, Paul Virilio, que comenta que as consequências da erupção vulcânica revelam os limites do modelo de desenvolvimento do mundo atual, baseado na instantaneidade. Para Virilio, a sociedade não está preparada para os acontecimentos imprevisíveis.