Acessar o conteúdo principal
Paris/ Imigrantes

Dois campos de migrantes são evacuados em Paris um dia após anúncio de medidas sobre imigração

Dois campos de migrantes foram evacuados no norte de Paris nesta quinta-feira (7), no dia seguinte ao anúncio das novas medidas sobre a imigração pelo governo.Segundo a Prefeitura de Paris, mais de 1.600 pessoas que moravam em tendas perto do anel viário que circunda a capital francesa foram levadas, no início da manhã, em ônibus para ginásios públicos.

Polícia francesa conduz operação de evacuação de migrantes em Paris, em 7 de novembro de 2019, um dia após o anúncio das novas medidas sobre imigração pelo governo Macron.
Polícia francesa conduz operação de evacuação de migrantes em Paris, em 7 de novembro de 2019, um dia após o anúncio das novas medidas sobre imigração pelo governo Macron. MARTIN BUREAU / AFP
Publicidade

O ministro do Interior, Christophe Castaner, já havia anunciado na quarta-feira (6): "Os campos de migrantes no nordeste de Paris serão evacuados até o final do ano". A implementação veio logo em seguida em La Chapelle, bairro no nordeste de Paris, na fronteira com Saint-Denis, um dos departamentos mais pobres da França.

Mais de 1.600 migrantes que moravam em tendas perto do anel viário foram evacuados. "Fim da operação de evacuação do campo de La Chapelle. No total, nas áreas de La Chapelle e do Presidente Wilson (em Saint-Denis), 1.606 pessoas foram evacuadas ", afirmou a Prefeitura de Paris no Twitter.

A operação, que mobilizou cerca de 600 policiais, começou por volta das 6h sob forte chuva. No geral, a evacuação ocorreu em calma, apesar de alguns momentos de tensão. Os migrantes entraram em ônibus cercados pela polícia em direção quinze ginásios na região de Île-de-France. Serão colocadas "em abrigo", de acordo com a expressão usada pelas autoridades.

Existem duas possibilidades: a pessoa está em boas condições e, nesse caso, serão oferecidas acomodações temporárias. É o caso, por exemplo, de refugiados registrados, que representam um quinto dos evacuados.

Caso contrário, se a pessoa estiver em situação irregular, ela retornará à fronteira. Esta é a situação de muitas pessoas registradas em outro país europeu. Por esse motivo, por medo de expulsão, muitos migrantes deixaram os campos ainda na quarta-feira (6), antes da evacuação.

Presença policial permanente para evitar a reforma dos campos

Para impedir novos campos se formem, o secretário de Segurança Pública, Didier Lallement; anunciou que uma presença policial diária seria estabelecida no bairro.

Para ele, a concretização das medidas do governo sobre imigração anunciadas na quarta-feira, vai se complementar com o desmantelamento de outros campos de migrantes em Paris nas próximas semanas, incluindo o da Porta de Aubervilliers.

Será eficaz? Essa é a grande questão. Esta evacuação é a 56ª desde 2015 e, a cada vez, são apresentadas como as últimas.

Relatório mostra a precariedade

A associação católica Caritas Fraça publicou nesta quinta-feira (7) seu relatório estatístico anual sobre pobreza na França, dedicado este ano à precariedade dos estrangeiros.

O relatório deste ano chama a atenção para a precariedade dos estrangeiros que são acolhidos pelas 3.500 equipes da associação espalhadas pelo território.

Em 2018, a Cáritas recebeu quase 1,4 milhão de pessoas, sendo que 43% delas vieram de fora da União Europeia.

E essa proporção aumenta de ano para ano, efeito de um aperto na política de migração, segundo Laurent Giovannoni, um dos líderes da associação: "Essa é uma das principais razões pelas quais a proporção de estrangeiros acolhidos nas nossas sedes aumenta. Eles vêm até nós porque não conseguem encontrar portas abertas em outros lugares”, diz ele.

“A Cáritas continua sendo um dos últimos recursos para as pessoas mais pobres. E, de fato, o que estamos vendo é o aumento significativo da pobreza, porque 57% dos estrangeiros que recebemos não têm o direito de trabalhar. Isso cria situações de grande precariedade", completa

70% vivem abaixo da linha da pobreza

O processo de integração de imigrante também se tornou muito mais longo e difícil: "Esse endurecimento tem um efeito retardador", considera Giovannoni.

“O que, alguns anos atrás, poderia levar de cinco a dez anos, agora talvez leve dez ou quinze anos. A duração da pobreza é mais longa, e as pessoas estão achando cada vez mais difícil acessar certos direitos. Então, o que é chamado de integração em qualquer caso, que é a obtenção de condições de vida semelhantes às de todos, é adiado", conclui.

Segundo o relatório da Cáritas, 20% dos estrangeiros presentes na França há mais de dez anos não têm recursos e 70% vivem abaixo da linha da pobreza.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.