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França

Mobilização de "coletes amarelos" em Paris tem performance com símbolo da República

Em meio ao quinto ato de mobilização dos "coletes amarelos" neste sábado (15), em Paris, cinco mulheres vestidas de vermelho fizeram uma performance com um dos seios à mostra, sob direção da artista luxemburguesa Déborah de Robertis. Elas representaram a Marianne, símbolo alegórico da República Francesa, que é retratada com um seio descoberto e teve sua escultura vandalizada no terceiro sábado de protestos, no subsolo do Arco do Triunfo, há duas semanas.

Cinco mulheres representando a Marianne, símbolo da República Francesa, posam seminuas para policiais que fazem a segurança da manifestação dos "coletes "amarelos" na avenida Champs Elysées, em Paris.
Cinco mulheres representando a Marianne, símbolo da República Francesa, posam seminuas para policiais que fazem a segurança da manifestação dos "coletes "amarelos" na avenida Champs Elysées, em Paris. REUTERS/Benoit Tessier
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Muitos internautas pensaram num primeiro momento que era mais um protesto do grupo feminista Femen. Mas a própria artista luxemburguesa, conhecida por suas performances de nus em museus, confirmou ter organizado a apresentação na avenida Champs Elysées.

As cinco mulheres vestidas de vermelho andaram alguns metros pela avenida em meio aos "coletes amarelos" e pararam diante de um batalhão de policiais, em silêncio, enquanto fotógrafos imortalizavam a cena. "A obra silenciosa e a imagem falam por si; o título é 'Marianne observa'", explicou Déborah de Robertis, como se a liberdade republicana estivesse ameaçada pela repressão.

Número de manifestantes em forte queda

Pelo quinto sábado consecutivo, os "coletes amarelos" fazem manifestações contra as desigualdades de poder aquisitivo e a forte centralização das decisões políticas, sem a participação dos franceses mais pobres e em situação de precariedade. A segurança continua ostensiva, com 69 mil policiais e militares mobilizados em todo o país, contra 89 mil na semana passada.

Em Paris e demais regiões, o número de manifestantes é nitidamente inferior ao do último sábado (8): 3.000 pessoas na capital e 33.500 em todo o país, no balanço das autoridades às 16h30 (13h30 em Brasília). Até esse horário, a polícia havia detido 120 pessoas na região parisiense, contra 1.082 no último sábado. Os policiais apreenderam machados, martelos, barras de ferro e coquetéis preparados à base de ácido encontrados em poder dos manifestantes detidos.

Moderados querem dar chance ao diálogo com o governo

Depois das concessões feitas pelo presidente Emmanuel Macron no início da semana, "coletes amarelos" moderados decidiram não vir à capital e abrir o diálogo com as autoridades. Outros, ainda insatisfeitos com as medidas anunciadas, pedem a demissão de Macron e mantêm a pressão nas ruas.

Em Paris, para evitar depredações e saques ao comércio, 8 mil policiais e 14 blindados estão envolvidos na segurança dos protestos. O comércio não abriu na avenida Champs Elysées, local de encontro dos "coletes amarelos". Mais uma vez, os lojistas reforçaram a proteção de vitrines. O Arco do Triunfo está fechado, assim como a Ópera Garnier e a torre da Catedral de Notre Dame.

Por outro lado, num sinal de apaziguamento da tensão, os museus do Louvre, D'Orsay e o Centro Pompidou, assim como a Torre Eiffel e as grandes lojas de departamento da capital (Galeries Lafayette, Printemps, BHV e Le Bon Marché), que estiveram fechados na semana passada, funcionam normalmente.

"Coletes amarelos" querem reformas institucionais

Macron anunciou, na segunda-feira (10), um aumento de € 100 por mês para quem ganha o salário mínimo, o cancelamento da alta de um encargo social nas aposentadorias até € 2.000 e a isenção de impostos nas horas extras. O presidente também lançou um programa de debates públicos, que serão organizados nos próximos três meses em todas as regiões do país, para discutir os anseios da população nas áreas tributária, institucional e imigração.

Um dos pontos na pauta de reivindicação dos "coletes amarelos", inclusive visto nos cartazes que eles exibem neste sábado, é a instauração de referendos de iniciativa popular sobre assuntos de interesse dos cidadãos. Muitos manifestantes querem uma reforma institucional que garanta a eles participação direta nas políticas aplicadas no país. Eles reivindicam o direito de propor projetos de lei de iniciativa popular no Parlamento. Os mais radicais defendem a renúncia de Macron. Essas reivindicações são frequentes nos dois extremos do espectro político, tanto na extrema direita quanto na esquerda radical.

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