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Impunidade

Assassinato de jornalistas da RFI segue impune, quatro anos depois

O quarto aniversário da morte dos jornalistas da Rádio França Internacional (RFI), Ghislaine Dupont et Claude Verlon, assassinados em Kidal, no norte de Mali, na África, foi lembrado nesta quinta-feira (2). A data coincide com o Dia Internacional do Fim da Impunidade para Crimes Cometidos contra Jornalistas, instituído pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 2013, para marcar a tragédia francesa.

Claude Verlon et Ghislaine Dupont.
Claude Verlon et Ghislaine Dupont. RFI
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Familiares e amigos das vítimas, que aguardam até hoje os resultados de investigações, reclamam da lentidão, tanto do lado francês quanto do lado africano. A demora é um motivo de desespero para Apolline Verlon, filha de Claude Verlon. “Nosso tempo não é o tempo da justiça, é o que concluímos depois de quatro anos”, afirma Apolline.

“São dois jornalistas franceses que foram mortos! Eles estavam lá trabalhando e é inaceitável dizer que, quatro anos depois, ainda não há uma resposta válida e certa”, assinala. Apolline lamenta que nenhum magistrado tenha visitado ainda o local do crime, que vive a tensão de ataques jihadistas, razão usada para alegar a lentidão das investigações.

A Associação dos Amigos de Ghislaine Dupont e Claude Verlon convocou uma coletiva de imprensa na véspera do quarto aniversário da morte dos jornalistas, para criticar a impunidade e cobrar respostas até hoje não esclarecidas. A suspeita é que alguns dos responsáveis pela autoria dos assassinatos estejam foragidos na Argélia.

Perguntas sem respostas

O porta-voz da Associação, Pierre-Yves Schneider, afirma que suspeitos foram identificados. Um teria morrido em um acidente de moto, mas outros estariam vivos e livres na Argélia, na divisa com o Mali. "Tudo deve ser feito para que os suspeitos sejam presos. Se eles forem mortos ou permanecerem em liberdade, a impunidade ganhará", acrescentou Schneider, durante a coletiva.

Ghislaine Dupont, 57 anos, e Claude Verlon, 55 anos, foram sequestrados durante uma reportagem. Alguns meses depois do início da operação militar francesa Serval, que derrotou jihadistas no norte do país.

Balanço da impunidade

Nos últimos 11 anos, de acordo com relatório da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), mais de 900 jornalistas foram mortos por cobrir eventos e informar o público: em média, uma morte por semana. Os assassinos ficam impunes em nove a cada dez casos.

A impunidade leva a mais mortes e muitas vezes é um fator na escalada do conflito e do colapso do sistema jurídicos. A Unesco aponta que a impunidade está causando danos a sociedades inteiras, escondendo violações graves de direitos humanos, corrupção e crime.

O Dia Internacional do Fim da Impunidade para Crimes Cometidos contra Jornalistas foi instituído em dezembro de 2013, por meio da resolução 68/163. Esta resolução convocou os Estados-Membros a tomar medidas específicas para combater a cultura atual da impunidade.

(Com informações de Pierre Firtion, da RFI, e Agência France Presse).

 

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