Conselho reclama de narração "racista" da abertura da Olimpíada
O Conselho Representativo das Associações Negras da França (Cran) acionou o Conselho Superior do Audiovisual (CSA) devido à narração do canal de televisão France 2 da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos do Rio. "Foi um verdadeiro festival de erros e disparates colonialistas", disse Louis-Georges Tin, presidente da entidade. O CSA regula a programação de TV e rádio no país.
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O Cran lembra que é errado dizer que Cristóvão Colombo "descobriu a América" em 1492. "Quando o navegador chegou às Bahamas, a América já era habitada há milênios por muitas pessoas", diz o comunicado. Outro erro encontrado pelo Cran: os apresentadores discutiram os "povos do Incas" no Brasil. "Mas, até prova em contrário, os Incas nunca viveram no Brasil, mas nos Andes."
De acordo com a associação, um dos apresentadores disse "que, às vezes, os europeus têm dificuldade em diferenciar a América do Norte e a América do Sul". "O Cran pede que os apresentadores não insultem os espectadores assumindo a priori que eles seriam tão ignorantes como eles", segundo o comunicado.
Escravidão: "tráfico necessário"
Durante a cerimônia, que foi vista por cerca de 1,6 milhão de franceses, um dos apresentadores abordou o tema da escravidão: "O comércio de escravos foi necessário para o desenvolvimento industrial. A escravidão durou até o final do século 18". Na verdade, a escravidão foi abolida no Brasil em 1888.
"Dizer que o tráfico era necessário é uma declaração equivocada, que tende a minimizar ou justificar a escravidão, que foi um crime contra a humanidade", se indigna o Cran.
Muitos espectadores também expressaram sua indignação no Twitter na sexta-feira (5) à noite, particularmente quando o apresentador Daniel Bilalian chamou o filósofo Auguste Comte, cujo lema "Ordem e Progresso" aparece na bandeira brasileira, de Maurice Comte.
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