Imprensa deveria limitar exposição de terroristas, afirma especialista
O vespertino Le Monde traz na edição desta segunda-feira (18) uma entrevista especial com o escritor tunisiano, Fethi Bensalama, especialista em radicalização. Autor do livro “Um furioso desejo de sacrifício”, em tradução livre, o especialista fala sobre os perigos de se divulgar a identidade dos autores de atentados como o ocorrido em Nice, na semana passada.
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De acordo com Bensalama, este tipo de terrorista deixa muito claro um único objetivo: buscar a fama após cometer um atentado. Isso fica claro com a identidade deixada às vistas no veículo, para ser encontrada pelas autoridades.
Para o tunisiano, a imprensa deveria limitar a publicidade sobre os autores de atentados e apenas as iniciais dos criminosos deveria ser divulgada. Segundo Bensalama, a medida, simples, evitaria que outros possíveis criminosos se estimulassem a fazer algo semelhante, sempre em busca de tornar-se uma espécie de celebridade.
Pessoas perturbadas que comentem atos extremos como o ocorrido em Nice procuram notoriedade e glória, mesmo que seja conseguido através de algo sangrento.
Estabelecer um pacto entre os veículos de comunicação é essencial
Para Bensalama, já é tempo que os meios de comunicação pense nas consequências éticas e politicas face às estratégias dos terroristas. O autor sugere que os veículos de comunicação estabeleçam uma espécie de pacto de não divulgar fotos e detalhes da biografia destes assassinos.
Bensalama explica ainda que o sacrifício individual, sob o ponto de vista psicológico, parte de uma convicção absurda e infundada que é Deus quem deseja que o sacrifício seja cometido. Mas para que um ato terrorista extremo como o vivenciado em Nice ocorra, é preciso que os autores de atentados tenham falhas de personalidade consideráveis, que que acabam por convencer estas pessoas de que elas são destinadas a se sacrificarem por uma causa suprema.
Le Monde questiona o escritor sobre como pode ser possível que a França freie o crescimento de ameaças desta natureza. De acordo com o especialista, é preciso fazer uso de forças de inteligência, no campo das ciências humanas, ação social, educação e políticas locais, para impedir novos atentados cometidos por candidatos ao sacrifício.
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