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Organizações empresariais pressionam governo francês no impasse da falta de combustíveis

Federações e organizações econômicas enviaram ao governo francês, nesta terça-feira (24), um apelo para que sejam tomadas medidas de urgência diante do impacto que poderá ocorrer em suas atividades caso o bloqueio de usinas de petróleo continue por tempo indeterminado no país.

Refinaria é desbloqueada pela polícia no sul da França.
Refinaria é desbloqueada pela polícia no sul da França. REUTERS/Jean-Paul Pelissier
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Desde a semana passada, o maior sindicato de trabalhadores da França, a CGT, ocupa seis das oito refinarias francesas, o que tem provocado a falta de combustível em diversas regiões. A ação visa exprimir o descontentamento com a nova lei trabalhista imposta pelo governo de François Hollande.

As câmaras de comércio e da indústria publicaram um comunicado incitando o governo francês a “assumir seu papel de guardião da ordem pública para que a economia já frágil não seja demolida por conta de movimentos corporativistas e ideológicos”.

A Federação Francesa da Construção Civil (FFB, na sigla em francês) e a Capeb, que representa os trabalhadores do setor, também fizeram apelo para que o governo aja. “Estes bloqueios estão penalizando a atividade das empresas do setor da construção civil”, dizia o comunicado. De acordo com a Capeb, o norte e o oeste da França são os mais atingidos pela falta de combustível.

Na manhã desta terça-feira (24), as forças de segurança desbloquearam uma refinaria e um depósito de combustível no sudeste do país, cujo acesso havia sido fechado e ocupado desde o dia anterior por membros da CGT. O governo francês tenta conter o risco de uma escassez de combustível que ameaça paralisar o país a menos de três semanas para o início da Eurocopa, que será realizada em Paris.

Queda de braço entre governo e sindicatos

O conflito ganha ares de uma disputa de queda de braço entre o governo socialista e o sindicato, historicamente próximo do Partido Comunista e que continua a ser o maior da França. O presidente François Hollande denunciou nesta terça-feira o "bloqueio" dos locais petrolíferos como "uma estratégia apoiada por uma minoria".

"Não há dúvida de que os franceses se encontram numa situação de escassez, de bloqueio, que a nossa economia está bloqueada", ressaltou por sua vez o primeiro-ministro Manuel Valls, durante viagem oficial a Israel. Para o chefe de governo, a "CGT está em um impasse", "faz o país refém", mas "vai encontrar uma resposta extremamente firme".

Para o secretário-geral do CGT, Philippe Martinez, no entanto, é o primeiro-ministro que "joga um jogo perigoso", tentando "colocar os cidadãos contra o CGT". "A opinião pública" continua favorável à "contestação" do projeto de reforma trabalhista, declarou, pedindo para que a greve se generalize.

Mas "a CGT pode paralisar o país?", questionou nesta terça o jornal de esquerda Libération, observando que o sindicato, que acaba de sair de uma difícil crise de sucessão, "não tem necessariamente os meios para sustentar suas ambições". De qualquer forma, "não cabe a uma central sindical fazer a lei", criticou o chefe do Partido Socialista, Jean-Christophe Cambadélis.

Economia 'se tornou refém'

Estes bloqueios têm provocado há vários dias grandes filas nos postos de abastecimento. De acordo com o Secretário de Estado para os Transportes, Alain Vidal, "cerca de 20% dos postos de combustível estão fechados ou passando por grandes dificuldades" de um total de 12 mil estabelecimentos no país.

As autoridades pediram para que os motoristas não "façam estoques" de combustível, dizendo que "nada justifica" essa ação. A companhia petrolífera Total, que opera cinco refinarias bloqueadas, vai rever os seus investimentos no setor na França, alertou.
 

(Com informaçoes da AFP)

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