Acessar o conteúdo principal
França/pobreza

Pobreza aumenta na região parisiense, indica relatório

A pobreza aumentou em Paris e em seus arredores, de acordo com um relatório divulgado nesta segunda-feira (11) pela associação francesa Secours Catholique, que pede uma “mudança radical nas políticas de combate à miséria”. A região parisiense é considerada como uma das áreas onde existe mais desigualdade social na França.

Relatório da ONG Secour Catholique aponta para as desigualdades socias na região parisiense
Relatório da ONG Secour Catholique aponta para as desigualdades socias na região parisiense AFP PHOTO / KENZO
Publicidade

Na região parisiense, 15% dos habitantes, o equivalente a 1,8 milhão de pessoas, vivem com menos de € 990 por mês, cerca de R$ 4 mil. Essa quantia pode parecer elevada para os padrões brasileiros, mas em Paris, é suficiente apenas para alugar um apartamento de cerca de 25 metros quadrados em um bairro popular, por exemplo.

A região parisiense engloba oito zonas, que incluem Hauts-de-Seine, a mais rica, e Seine Saint Denis, considerada como das mais pobres e violentas. O local ficou conhecido na imprensa mundial depois dos  tumultos em Clichy sous Bois, em 2005, e mais recentemente nos atentados de 13 de novembro em Paris – os extremistas que participaram do ataque se hospedaram em um apartamento na região.

O documento também mostra que, entre 2004 e 2012, o número de lares que viviam abaixo da linha da pobreza aumentou duas vezes mais em relação ao resto do país. “Há mais pobres e o nível da pobreza está se agravando”, diz Hervé Souich, presidente da associação Secours Catholique. “É um grito de alerta: até quando vamos continuar assim?”

Mobilidade prejudica acesso a trabalho

Uma outra questão importante, destaca Bernard Thibaud, secretário-geral da associação, é a mobilidade. A população mais pobre mora em lugares mais distantes e isso dificulta o acesso à vida profissional.

“Aqueles que têm a chance de arrumar um emprego, são obrigados a serem muito mais flexíveis na vida familiar, porque moram muito longe. Essas pessoas estão sempre exaustas por conta desse trajeto, que pode durar várias horas por dia”, explicou Thibaud, em entrevista à RFI. “Já aqueles que não trabalham, acabam isolados, e têm menos acesso a uma vida social e a serviços de saúde”, declara.

Crianças são maiores vítimas da pobreza

O aumento da precariedade atinge principalmente as crianças que vivem em Paris e em seus arredores. A taxa de pobreza subiu de 22%, em 2009, para 24,3%, em 2013. As consequências diretas, aponta o relatório, são a desnutrição, a obesidade e o abandono escolar –problemas que se intensificaram em regiões mais pobres, como é o caso do bairro Saint Denis.

A falta de moradias sociais contribui para esse cenário. Os representantes da associação pedem uma mudança radical na política de habitação, com um plano de construção “realmente acessível às pessoas mais pobres, e para combater o egoísmo daqueles que recusam toda solidariedade possível”.

O Secours Catholique cita, por exemplo, o projeto de reforma do abrigo que recebe sem-tetos situado no 16° distrito de Paris, um dos bairros mais caros da capital. Muitos habitantes protestam contra a reforma por temer que o local traga mais pessoas em situação precária às ruas da região.

 

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.