Ameaças a escolas da França podem ser trotes de alunos
Há duas semanas, eles semeiam o terror em escolas europeias e australianas, aproveitando o alerta contra o terrorismo para interromper aulas e esvaziar estabelecimentos de ensino. O autoproclamado grupo "Brigadas da Evacuação" reconheceu a uma jornalista da Austrália ser autor das ameaças a bomba com dois principais objetivos: diversão e caos. Os trotes podem ter sido encomendados pelos próprios estudantes.
Publicado em: Modificado em:
A ação é aparentemente simples. Uma ligação telefônica internacional a um estabelecimento de ensino emite a mensagem gravada: "Há bombas na escola. Todos vocês vão morrer". A partir disso, a polícia é acionada, as salas de aula são esvaziadas e as aulas são suspensas. Alguns liceus parisienses e de Lyon, no sudeste do país, vivenciaram as ameaças na semana passada, assustando ainda mais a população traumatizada com os atentados terroristas do ano passado.
Mas não apenas escolas francesas receberam a ligação. No Reino Unido e na Austrália estabelecimentos de ensino também viveram momentos de pânico nas duas últimas semanas depois do telefonema ameaçador.
A resposta ao mistério veio através de uma jornalista australiana, que conseguiu entrevistar um dos autoproclamados autores da "brincadeira". Formado por ao menos seis internautas anônimos, o grupo Evacuation Squad (Brigadas da Evacuação, em português) disse que sua principal motivação é a diversão.
"Detestamos o governo americano. Detestamos autoridade. Adoramos o caos", declarou o suposto líder da organização, Viktor Olyavitch, à jornalista australiana. Segundo ele, o Evacuation Squad é baseado no Irã e na Rússia e as mensagens vocais são enviadas pela internet, utilizando códigos de acesso de contas roubadas do programa VoIP.
As ações acontecem mediante um pagamento ao grupo que varia de US$ 5 a US$ 10. As polícias investigam agora de onde partiram as demandas e suspeitam que muitas delas podem ter sido feitas pelos próprios alunos das escolas ameaçadas.
Eficácia das ameaças é "aterrorizante"
Em entrevista ao jornal Aujourd'hui en France, Robert Erra, especialista francês em Cibersegurança, avalia que o método utilizado pelo grupo dificulta o rastreamento. Por outro lado, ele ressalta que o método não é complicado e que tutoriais no YouTube explicam como realizar esse tipo de ação facilmente.
Para Erra, no entanto, o mais inovador é o alvo escolhido para as ações, estabelecimentos de ensino. "É aterrorizante a eficácia do grupo nesse contexto de risco terrorista", analisa.
Na França, seis liceus de Lyon, no sudeste do país, receberam a ligação alertando para a presença de bombas. Em Paris, alunos de três escolas foram evacuados pela terceira vez em menos de uma semana. No Reino Unido, seis escolas inglesas e duas escocesas também foram ameaçadas. Em Sydney, na Austrália, seis estabelecimentos de ensino viveram a mesma situação. Em todas as ocasiões, depois de um vasto trabalho de inspeção e investigação das polícias, as autoridades garantiram que nenhuma das ameaças representaram um verdadeiro risco.
NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.
Me registro