Revistas francesas destacam derrocada econômica no Brasil
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As revistas francesas desta semana destacam a derrocada econômica na América Latina e o fim da hegemonia dos governos de esquerda, ressaltando a situação no Brasil. As publicações também dedicam várias páginas ao cantor David Bowie, que morreu no último domingo (10), vítima de um câncer.
A revista L’Express desta semana dedica quatro páginas à falência dos governos de esquerda na América Latina, inclusive o brasileiro. Para o repórter francês Axel Gyldén, a aproximação entre Cuba e Estados Unidos, com a retomada das relações diplomáticas, mostra que a retórica do anti-americanismo, base do chavismo, está com os dias contados.
Uma prova é que seu sucessor, Nicolás Maduro, acaba de perder o controle da Assembleia Nacional pela primeira vez em 17 anos. Além disso, o regime perde aliados, principalmente o Brasil, mergulhado em sua própria crise econômica e na gestão dos casos de corrupção, escreve a revista, citando o escândalo da Petrobras.
A impopularidade de Dilma, com um índice de aprovação de apenas 10%, e a ameaça de impeachment, evidenciam o enfraquecimento dos regimes de esquerda no continente. Pela primeira vez, escreve L’Express, o ex-presidente Lula não apoiou publicamente a “revolução bolivariana”, como era o caso na época de Hugo Chávez, durante a campanha presidencial na Venezuela. A Argentina, por sua vez, chegou a denunciar publicamente as violações de direitos humanos durante as eleições.
Hora da verdade para a América Latina
A “degringolada” econômica também coloca os governos da Venezuela, Argentina e Brasil em maus lençóis. Essa é “a hora da verdade” para a América Latina, de acordo com a reportagem da "L’Express". Durante os anos 2000, a demanda chinesa por matéria-prima e os preços altos das commodities e do petróleo impulsionaram o chamado “milagre Lula” e a “revolução bolivariana” de Hugo Chávez, além da retomada econômica na Argentina. Mas com a desaceleração da economia chinesa e a queda do preço do bruto, fica claro que o “milagre” brasileiro não foi consistente, já que mesmo que a fratura social tenha sido reduzida, as infraestruturas ainda continuam precárias e não houve ações efetivas de combate à corrupção.
De acordo com a revista, “a festa brasileira acabou com despesas desproporcionais para organizar a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, escândalos financeiros, e, para terminar, manifestações contra o poder, recessão (-2,4% em 2015), e forte queda da popularidade da presidente Dilma Rousseff”.
Crise da esquerda não fortalece direita
Entrevistado pela revista, o pesquisador venezuelano Pedro José Garcia lembra que a crise da esquerda não significa uma vitória da direita. “É preciso parar de analisar a política latino-americana com um olhar francês”, diz. “A oposição venezuelana é originária de uma tradição social-democrata e a do Brasil situada em algum lugar entre a direita e a esquerda”, resume.
Revistas dedicam capa a David Bowie
As revistas "Le Point", "L’Express", e "L'Obs" trazem na capa reportagens lembrando a trajetória do cantor David Bowie e todas as fases do camaleão do rock. Na edição especial da “L'Obs” dedicada ao cantor, a revista traz um texto da cantora francesa Françoise Hardy, que encontrou Bowie pessoalmente em 2003. “Ele pediu para me ver em seu camarim em Bercy e foi extremamente amável!”, disse. L’Express lembra que, até o último minuto, o cantor não parou de se reinventar e de surpreender. A prova disso foi o anúncio de sua morte três dias depois do lançamento do seu CD, “Blackstar”. “A última viagem de uma odisseia inacreditável”, escreve "L’Express".
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