François Hollande relança discussão sobre morte assistida
Cumprindo uma promessa de campanha e sem usar o termo ‘eutanásia’, o presidente francês François Hollande relançou nesta terça-feira a discussão sobre a questão da morte assistida na França. Desde 2005, uma lei já autoriza o paciente no fim da vida a recusar um tratamento médico, considerado inúteis.
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Em visita nesta terça-feira à clínica Notre-Dame-Lac, na região parisiense, onde estão internados pacientes sem perspectiva de cura que recebem tratamento paliativo, o presidente francês questionou sobre a necessidade de discutir a morte assistida em certos casos, evitando utilizar o termo "eutanásia." Durante a campanha, Hollande prometeu que "toda pessoa maior de idade com uma doença incurável ou em estado terminal, que provocasse um sofrimento físico ou psíquico importante e não pudesse ser aliviado, poderia beneficiar em certas condições de uma assistência médica para encerrar a vida com dignidade."
Nesta terça-feira, o presidente encarregou o professor de Medicina francês Didier Sicard de uma missão para analisar a questão em casos excepcionais. As associações de Defesa da eutánasia se mostraram céticas com a escolha do presidente, já que o médico é próximo da ‘’teologia moral católica’’, segundo seus representantes. Nesta terça-feira à tarde, o presidente francês também recebeu no palácio do Eliseu o Monsenhor André 23, bispo de Paris, que deu a entender que não seria favorável a um texto legalizando a morte assistida.
Em 2005, o Parlamento adotou um texto do deputado Jean Leonetti, que instaura o direito à morte, e possibilita a interrupção de um tratamento médico que prolonga o sofrimento de um paciente. De acordo com depoimentos de especialistas, a aplicação da lei se revelou complexa, por falta de estrutura e de formação dos profissionais da saúde, além dos próprios doentes e seus parentes não estarem suficientemente informados sobre a questão. O presidente prometeu, na visita à clínica, proporcionar uma formação adequada nas universidades para enfrentar esse tipo de dificuldade. O deputado do UMP, partido do ex-presidente Sarkozy, fez um apelo para que haja um amplo debate, não somente sobre a eutanásia, mas sobre ''o fim da vida."
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