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França/Justiça

Magistrados denunciam interferência de Sarkozy no poder judiciário

O executivo e o judiciário franceses estão em pé de guerra. Irritados com as repetidas críticas do presidente Nicolas Sarkozy às decisões dos juízes, os magistrados franceses suspenderam as audiências em 15 tribunais e os sindicatos afirmam que o movimento pode se generalizar em todo o país. 

Na França, o movimento de constestação de magistrados contra o presidente Nicolas Sarkozy ganha força.
Na França, o movimento de constestação de magistrados contra o presidente Nicolas Sarkozy ganha força. Reuters
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A adesão de magistrados franceses ao movimento de protesto da categoria começa a se ampliar e essa queda de braço entre o poderes executivo e judiciário na França promete ser histórica. Nesta segunda-feira, 15 tribunais em todo o país já estão paralisados e os sindicatos pedem aos juízes e promotores para adiar todas as audiências previstas até a próxima quinta-feira, data de uma manifestação nacional prevista para acontecer em Nantes, oeste do país. Fato novo, o movimento recebe o apoio de dois sindicatos de policiais.

O protesto é uma resposta dos magistrados a uma declaração do presidente Nicolas Sarkozy que os considerou negligentes em um recente caso que chocou a França. Um criminoso reincidente, Tony Meilhon, de 31 anos, que deixou a prisão em fevereiro de 2010, é suspeito de ter assassinado e esquartejado uma jovem de 18 anos no mês de janeiro. Após várias semanas de buscas, a polícia encontrou a cabeça, os braços e as pernas da adolescente, que foram jogados num lago onde o suspeito costumava pescar, mas ainda não localizou o tronco da menina. De acordo com os legistas que examinaram os restos da jovem, ela foi enforcada. Existem também suspeitas de que ela tenha sido estuprada antes de morrer, porque ela chegou a enviar um torpedo contando seu drama a um amigo.

Segundo o presidente francês, quando se deixa um reincidente sair da prisão sem um acompanhamento judiciário ou psiquiátrico se constitui uma falha grave. Os sindicatos afirmam que o suspeito, condenado 15 vezes anteriormente, cumpriu integralmente suas penas, nunca foi condenado por delitos sexuais, e não teve um acompanhamento judiciário após sua libertação por falta de pessoal.

Os magistrados lembram que esta não é a primeira vez que Nicolas Sarkozy ataca o poder judiciário. O advogado-geral de Paris, Philippe Bilger, diz que esta polêmica revela um clima democrático inquietante, onde não há mais respeito mútuo entre as instituições.

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