Voos na França são cancelados devido a greve de controladores

Metade dos aviões no aeroporto de Orly, em Paris, não decolou nesta quarta-feira. Em Roissy Charles de Gaulle, paralisação atingio 20% dos voos. Em algumas cidades, aeroportos chegaram a fechar.

Passageiro consultando painel de voos cancelados no aeroporto de Nice, no sul da França. Reuters

O tráfego aéreo na França ficou perturbado, nesta quarta-feira, devido a uma greve de controladores contra o projeto de céu único europeu. Esta é a terceira paralisação do ano. Desta vez, os controladores escolheram o início das férias na Europa, quando o número de viagens aumenta, para cruzar os braços. A greve começou na noite de terça-feira e deve continuar até a manhã desta quinta-feira.

Em Paris, a metade dos voos do aeroporto de Orly foi cancelada. No aeroporto de Roissy Charles de Gaulle, um entre cinco aviões ficou na pista - os voos de longa distância não foram afetados. Em outras regiões da França, vários aeroportos fecharam, como foi o caso em Biarritz, La Rochelle, Brest e outras cidades. Em Nice, no sul do país - que tem o maior tráfego aéreo depois de Paris - somente 9% dos aviões não decolaram e, em Lyon,14% dos voos foram cancelados.

Para o porta-voz do governo francês, Nicolas Chatel, o movimento é "incompreensível". Cerca de 30% dos controladores aderiram à greve, que pegou muita gente de surpresa.

O motivo da paralisação é o projeto de criação do céu único europeu, idéia que nasceu em 1999. O objetivo é fazer com que o controle do espaço aéreo europeu seja integrado.

Atualmente, cada um dos vinte e sete países da União Europeia é responsável pelo seu próprio espaço aéreo. Com o projeto céu único, o comando ficará a cargo de nove grandes regiões, chamadas blocos funcionais do espaço aéreo, ou FAB na sigla em francês. As FABs foram criadas em 2008 e a expectativa é que elas entrem em serviço até 2012.

A França, ao lado de Alemanha, Suíça, Holanda, Bélgica e Luxemburgo, faz parte do bloco mais importante, que representa metade de todo o tráfego aéreo europeu.

Líder de sindicato francês diz que controladores alemães são contra a greve

A preocupação dos sindicatos franceses é que este projeto desmantele a administração da aviação civil do país, que conta com 12 mil funcionários e 4 mil controladores.

"É normal que o projeto suscite dúvidas, já que é uma grande mudança. E é por isso que é importante negociar, exatamente o que está acontecendo agora", afirmou Nicolas Hitchliffe, representante do sindicato majoritário de controladores aéreos da França, que é contra a greve.

Segundo ele, a maioria dos controladores alemães e dos funcionários empregados em serviços de controle da Alemanha são à favor da integração do espaço aéreo europeu nesta nova organização internacional.

“Nosso sindicato já trabalha há muitos anos com os controladores para definir as bases do estatuto e os diferentes princípios que devem ser aplicados nesta organização internacional de controle. Pensamos que é uma solução coerente do ponto de vista operacional e que vai facilitar o trabalho dos controladores", acrescentou Nicolas Hitchliffe.