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Aya Nakamura, cotada para cantar na abertura dos Jogos Olímpicos Paris-2024, é vítima de comentário racista da extrema direita

À medida em que novos detalhes vão sendo revelados sobre a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos Paris 2024, surge uma nova polêmica envolvendo uma das artistas que poderão estar no palco da festa.  A cantora franco-maliana Aya Nakamura, cogitada para cantar uma música de Edith Piaf na ocasião, foi estigmatizada durante um comício do partido de extrema direita francês Reconquista (Reconquête) neste final de semana, antes de receber o apoio de artistas franceses e da ministra dos Esportes.

A cantora francesa Aya Nakamura na Paris Fashion Week, em Paris, no dia 28 de fevereiro de 2024.
A cantora francesa Aya Nakamura na Paris Fashion Week, em Paris, no dia 28 de fevereiro de 2024. © AFP - Miguel Medina
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No domingo (10), durante um primeiro grande comício do partido de extrema direita Reconquista para as eleições europeias, surgiram vaias à menção do nome da cantora na lista de artistas prováveis para a abertura dos Jogos Paris 2024.

Além disso, um pequeno grupo de ultradireita, Les Natifs, publicou no sábado (9) em suas redes sociais a fotografia de uma faixa carregada por cerca de dez de seus membros, às margens do rio Sena com os dizeres: “Não tem jeito, Aya, isso é Paris, não o mercado de Bamako!”. A expressão “Não tem jeito” faz alusão a um dos sucessos da cantora, “Djadja”, que conta com mais de 950 milhões de visualizações no YouTube.

“Substituir a elegância francesa pela vulgaridade”, “africanizar as nossas canções populares” e destacar a “imigração extra-europeia”, diz a mensagem do grupo Les Natifs. “Como sempre, Emmanuel Macron demonstra mais uma vez o seu desprezo pelo povo francês e pela sua cultura”, acrescenta o texto. O grupo conservador ainda exige que a “França seja representada por um artista que incorpore a nossa herança, os nossos valores e a nossa identidade!”

O partido Reconquista foi fundado em dezembro de 2021 e é liderado por Éric Zemmour, que foi o candidato da legenda nas eleições presidenciais de 2022.

Segundo o jornal L'Express, Aya Nakamura teria discutido com Emmanuel Macron em fevereiro sua possível participação na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos (26 de julho a 11 de agosto). Nem o Presidente da República nem a cantora francófona mais ouvida no mundo confirmaram ainda este boato.

Aya Nakamura denunciou a mensagem racista do grupo “Les Natifs” numa mensagem publicada no domingo (10) na rede X. Com ritmo dançante e linguagem “urbana”, Aya Nakamura, jovem nascida no Mali, se tornou a artista feminina mais ouvida na França, com base nos dados dos serviços de streaming (que permitem acesso a uma biblioteca musical online). Ela cresceu na região metropolitana de Paris, em Seine-Saint-Denis, e reivindica em suas letras seu lado de “garota da periferia”.

Os comentários contrários a sua participação nos eventos olímpicos causaram uma onda de indignação no mundo da música.

O cantor Dadju, um dos pesos pesados ​​do r'n'b na França, defendeu a cantora em suas redes: "É por isso que estamos atrasados ​​aqui. Vocês estão linchando a maior artista do país com argumentos do CM1..." (terceiro ano do ensino fundamental).

 "Amamos você, querida @AyaNakamuraa. Não se importe com o mundo inteiro”, também postou em suas redes a ministra dos Esportes da França, Amélie Oudéa-Castéra.

O deputado do partido A França Insubmissa (LFI), Antoine Léaument, defendeu Aya Nakamura, atacando o grupo de extrema direita. “Eles afirmam amar o seu país, mas querem excluir a cantora de língua francesa mais ouvida no mundo desde Edith Piaf", martelou em suas redes.

Com AFP

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