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Imã tunisiano deportado por apologia ao ódio aciona tribunais para retornar à França

Um imã tunisiano expulso na quinta-feira (22) pela França, onde as autoridades o acusam de ter feito apologia ao ódio, denunciou em uma declaração oficial uma decisão "injusta" e "arbitrária", e anunciou que tomará medidas legais para anulá-la e voltar para sua família, que continua em terras francesas.

Captura de tela da conta Tik Tok do imã tunisiano Mahjoub Mahjoubi.
Captura de tela da conta Tik Tok do imã tunisiano Mahjoub Mahjoubi. © Capture d'écran / Tik Tok / Mahjoub Mahjoubi
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Mahjoub Mahjoubi, o imã da pequena cidade de Bagnols-sur-Cèze, no sul da França, foi preso e deportado na quinta-feira (22) para a Tunísia, onde chegou pouco antes da meia-noite em um voo saindo de Paris.

O imã [nome dado aos pregadores da religião islâmica], que vive na França desde meados da década de 1980, é casado e tem cinco filhos, e estava na mira do ministro do Interior da França, Gérald Darmanin, que pediu a retirada de sua autorização de residência na França no domingo.

Mahjoub Mahjoubi foi acusado, em particular, de transmitir um vídeo no qual descreveu a "bandeira tricolor" - sem especificar se mencionava na ocasião a bandeira francesa - como uma "bandeira satânica" que não teria "nenhum valor aos olhos de Alá" (Deus em árabe).

Ele se defendeu referindo-se a um "lapso de linguagem", explicando que, na verdade, estava denunciando rivalidades entre torcedores de países do Magrebe (no norte da África) durante o recente torneio de futebol da Copa das Nações Africanas (CAN).

"Vou me defender e fazer tudo o que puder para voltar para minha esposa e meus filhos", disse ele da casa de seus sogros em Soliman, a cerca de 30 km a leste de Túnis. Sua esposa e filhos, o mais novo dos quais está hospitalizado com câncer, dependem inteiramente dele, enfatizou o imã, que também é chefe de uma empresa de construção, acrescentando: "Sou apenas um contribuinte, um homem sem problemas".

"Meu advogado vai me levar ao tribunal na França e, se o tribunal não me fizer justiça, vou recorrer e, depois, recorrerei à Corte Europeia de Direitos Humanos", acrescentou. 

"Decisão arbitrária"

O imã de 52 anos, cuja esposa e filhos são cidadãos franceses, disse que "acreditava e tinha confiança no sistema judiciário francês, que [o ministro do Interior da França, Gérard] Darmanin assumiu". "Não há dúvida de que uma injustiça foi cometida contra mim, a lei de imigração foi aprovada há cerca de três semanas, e eu sou a primeira vítima dessa lei", disse o imã.

Darmanin disse no X nesta quinta-feira que a expulsão do imã era "prova de que a lei de imigração (recentemente aprovada), sem a qual uma expulsão tão rápida não teria sido possível, torna a França mais forte". "A firmeza é a regra", acrescentou o ministro francês, denunciando um "imã radical" cujas observações eram inaceitáveis.

Negando categoricamente qualquer "insulto à comunidade judaica ou à bandeira francesa", ele disse que as autoridades de sua cidade o conheciam como "um homem de paz, equilibrado". "Nunca defendi o ódio ou o radicalismo - pelo contrário, todos me conhecem", acrescentou.

"Minha expulsão foi resultado de uma decisão arbitrária do Ministro do Interior. Darmanin está tentando criar um burburinho em torno da lei de imigração usando Mahjoub Mahjoubi", retrucou o imã, enfatizando a rapidez da decisão de expulsão.

Mahjoubi acrescentou: "Darmanin está coletando apoiadores no [partido de extrema direita] Reunião Nacional, com as eleições europeias chegando" em junho, num momento em que õ partido governista está atrás do RN nas pesquisas.

(Com AFP)

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