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Luta contra a Aids: diagnóstico é cada vez mais precoce, mas preconceito continua na França

No dia 1º de dezembro é comemorado o Dia Mundial da Luta contra a Aids. Na França, o número de exames e a prescrição de tratamentos aumentaram no país, mas o preconceito que envolve a doença e o aumento da discriminação contra pessoas soropositivas continuam, lamentam associações de apoio.

1° de dezembro é o Dia Mundial de Luta contra a Aids
1° de dezembro é o Dia Mundial de Luta contra a Aids AFP - DIPTENDU DUTTA
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De acordo com o relatório anual da Santé Publique France, a agência de saúde francesa, o número de testes em 2022 superou os níveis pré-Covid. Cerca de 6,5 exames para detectar o HIV foram realizados em laboratórios, contra 6,34 milhões em 2019. Já o número de diagnósticos positivos no ano passado – entre 4.200 e 5.700 – foi menor do que em 2019.

A evolução da situação epidêmica varia de acordo com a população. O número de testes positivos de HIV continua a diminuir entre homens homossexuais, nascidos na França.

Essa queda vem sendo observada desde 2016 e é provavelmente explicada pela crescente adoção da PrEP (profilaxia pré-exposição, pílula preventiva para pessoas com alto risco de contrair HIV) nessa população, segundo a agência francesa.

Em compensação, o número de novos casos continua a crescer entre os homossexuais estrangeiros, o que mostra a importância de "intensificar as ações de prevenção junto a esse público".

Em entrevista à RFI, o epidemiologista francês Nicolas Vignier lembrou que a ausência de acesso à prevenção e aos tratamentos dificulta a vida dos estrangeiros clandestinos, sem acesso direto ao atendimento básico – na França,  apenas os hospitais atendem sem restrições.

“São pessoas que ignoram que têm o vírus e que correm o risco de transmiti-lo. Meses ou anos mais tarde, vão ficar gravemente doentes, ser hospitalizadas, às vezes na UTI e com risco de vida. Isso gera custos altos e, sobretudo, o estado de saúde dessas pessoas vai piorar durante o período”, lamenta Vignier.

Adesão a tratamento preventivo

O uso da PrEP continuou a se popularizar na França no ano passado. No final de junho de 2023, o número de pessoas com 15 anos ou mais que utilizaram a medicação desde 2016 foi de 84.997, 31% a mais em relação ao ano passado. Mas os usuários ainda são principalmente homens que vivem na região parisiense ou em uma grande metrópole.

A associação Aides também demonstra preocupação com o número elevado de homens e mulheres heterossexuais nascidos no exterior, que têm um diagnóstico tardio.

"O HIV ainda afeta as pessoas mais pobres, as mais distantes dos sistemas de prevenção", disse Annabel Desgrées Du Lou, diretora de pesquisa do Instituto Francês de Pesquisa para o Desenvolvimento, na quarta-feira, em uma coletiva de imprensa. "Precisamos encontrar novas soluções para garantir que os programas implementados cheguem ao público-alvo."

Preconceito

Outro problema é que "a estigmatização e, por vezes, até a criminalização das pessoas soropositivas, continua a existir", aponta a diretora. De acordo com os resultados de uma pesquisa do Ifop para o Sidaction publicada nesta semana, os preconceitos sobre a doença e a discriminação "estão progredindo de forma preocupante".

"Os indicadores registrados são os piores desde a criação da pesquisa em 2009", disse  a diretora-geral da associação, Florence Thune. Entre os resultados da pesquisa, 30% dos jovens de 15 a 24 anos acreditam que o vírus da Aids  pode ser transmitido ao beijar uma pessoa soropositiva. Um quarto acredita que o HIV é transmitido no banheiro, bebendo do copo de uma pessoa soropositiva ou dividindo o mesmo prato.

Pela primeira vez, o estudo também mediu o preconceito contra pessoas vivendo com HIV. Assim, 44% dos franceses ficariam desconfortáveis se soubessem que a pessoa que toma conta dos filhos é portadora do vírus. "40 anos após a descoberta do HIV, as pessoas ainda têm medo dele", diz Thune. Este receio explica também por que "muitas pessoas não fazem o teste".

De acordo com outro estudo do Centro Regional de Informação e Prevenção da Aids  e para a Saúde da Juventude em Ile-de-France, realizado em parceria com a Harris Interactive, 43% dos pais de alunos do ensino fundamental ou médio acreditam que seus filhos não estão suficientemente conscientes da prevenção do HIV em suas escolas.

(RFI e AFP)

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