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Maior academia de ensino da França é suspeita de enviar cartas 'ameaçadoras' a familiares de alunos vítimas de bullying

Na véspera da apresentação de um plano do governo francês para lutar contra o bullying nas escolas, os principais jornais do país dão destaque, nesta terça-feira (26), à auditoria realizada nas direções acadêmicas, após um escândalo que choca a opinião pública.

O ministro francês da Educação, Gabriel Attal, durante coletiva de imprensa após o suicídio do estudante Nicolas, de 15 anos, em 6 setembro de 2023.
O ministro francês da Educação, Gabriel Attal, durante coletiva de imprensa após o suicídio do estudante Nicolas, de 15 anos, em 6 setembro de 2023. AFP - GEOFFROY VAN DER HASSELT
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Os pais de um aluno que cometeu suicídio no início deste mês receberam uma carta com ameaças da parte de uma das principais instâncias de administração do ensino da França. Segundo a imprensa francesa, esse caso não seria o único.

"Cinquenta e cinco cartas enviadas pela Academia de Versalhes levantam dúvidas", diz o site do jornal Le Monde. Segundo o ministro francês da Educação, Gabriel Attal, houve "um erro" e as famílias não deveriam "jamais" ter recebido essas cartas.

O jornal Le Monde explica que Attal continua sua operação de transparência e luta contra o bullying nas escolas e, na segunda-feira (25), se reuniu com o novo reitor da Academia de Versalhes. Desta instituição fazia parte a escola do estudante Nicolas, de 15 anos, que cometeu suicídio em 5 de setembro. O jovem foi vítima de assédio moral por parte de colegas durante meses. Os esforços de sua família para resolver o problema não apenas foram minimizados pelas autoridades educativas, como os pais do adolescente foram ameaçados de processo penal por difamação do estabalecimento, de acordo com uma carta da Academia de Versalhes que veio a público recentemente. 

Segundo o jornal Le Figaro, a instituição teria enviado cerca de 120 cartas similares em apenas um ano a outras famílias, "entre as quais 55 parecem inadequadas", segundo auditoria realizada a mando do ministro da Educação. "Quem escreveu essas cartas? Por quem elas foram validadas?", questiona o diário. 

A reportagem revela que um dos casos condenados pela Academia de Versalhes diz respeito a uma suspeita de agressão sexual de uma criança de 11 anos.

"Visivelmente, há algo que não está funcionando bem", afirmou Attal, na segunda-feira, durante coletiva de imprensa diante da instituição, destaca o jornal Le Figaro. A Academia de Versalhes reúne o maior número de alunos de todo o país. Para o diário de linha editorial conservadora, o mau funcionamento dessa instituição pode ser o sinal de uma crise sistêmica no setor da Educação na França.

Cartas questionáveis

O jornal Le Parisien revela que "cartas problemáticas" também foram enviadas pela Academia de Versalhes a professores que solicitam seus serviços.

Segundo informações obtidas pela reportagem do impresso, procedimentos disciplinares foram engajados contra um professor que defendeu a integração de um aluno com deficiência em uma escola regida por essa reitoria. Para o diário, "não se tratam de casos isolados, mas de um sistema organizado".

O ministro da Educação promete que todas as famílias e professores que receberam as polêmicas cartas serão contatadas para esclarecimento dentro das próximas semanas. Os resultados da investigação sobre o tratamento ao caso do jovem Nicolas devem ser divulgados em meados de outubro.

Até lá, medidas do novo plano de luta contra o bullying nas escolas devem entrar em vigor, entre elas, o confisco de smartphones dos autores de assédio e sua exclusão das redes sociais. 

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