Threads é "uma forma alternativa de comunicação em rede", diz especialista sobre nova plataforma da Meta
Em apenas sete horas de funcionamento, a Threads, nova rede social lançada pela empresa de tecnologia Meta, já acumulava 10 milhões de usuários. A plataforma, inaugurada na quarta-feira (5) pela empresa do americano Mark Zuckerberg, tem características similares às do concorrente Twitter, segundo analistas do mercado, podendo ser uma ameaça para o grupo de propriedade de Elon Musk, que estaria em baixa atualmente.
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"Vamos lá. Bem-vindos a Threads", escreveu o diretor-geral da Meta, Mark Zuckerberg, em sua conta nesta nova plataforma. A postagem acumulou milhares de "curtidas" em poucos minutos.
O lançamento nas lojas de aplicativos havia sido anunciado, incialmente, para esta quinta-feira (6), mas foi antecipado para ontem. Na App Store, a plataforma é descrita como "o aplicativo de rede social baseado em texto do Instagram", uma apresentação que, adicionada às imagens, assemelha-se ao Twitter. "Threads é onde as comunidades se reúnem para conversar sobre tudo, dos tópicos importantes para você hoje, até o que estará em alta amanhã", diz a descrição do aplicativo.
“É um clone do Twitter, mas com o banco de dados do Instagram”, compara o jornalista Julien Le Bot, especialista no mercado digital ouvido pela RFI. “É um clone do Twitter, pois tem um fio de notícias das contas que você segue e pode ler, repostar, apresentando as mesmas funções do concorrente”, examina. “Quando se tem uma conta Instagram, podemos simplesmente importar todos os dados pessoais para essa nova aplicação”, observa. “O que é certo é que Threads possui a massa de usuários do Instagram e pode ser uma forma alternativa de comunicação em rede, mas existe ainda a desconfiança de muitos em relação a Zuckerberg e não sabemos como será a adesão”, observa.
Atualmente, o Instagram concentra cerca de 2 bilhões de usuários no mundo. Ao entrar no Threads, o aplicativo puxa as informações do usuário do Instagram e não é preciso preencher os dados novamente.
"Pane de ideias"
Autor de obras como “Na cabeça de Mark Zuckerberg”, Le Bot acredita que a nova empreitada da Meta é uma tentativa de sair do marasmo criativo. “Faz anos que eu procuro as evoluções desse grupo, mas é como se houvesse uma pane de ideias”, diz. “Todos só falavam antes do Metaverso, mas vemos que as equipes sentem as evoluções do mercado. E como o Twitter está em dificuldades e existe a necessidade de redes como essa para compartilhar pequenos conteúdos, eles viram a oportunidade”, explica Le Bot em entrevista à RFI. “É uma forma de dar um novo horizonte à Meta, já que o número de usuários do Facebook chegou a um teto”, acrescenta o especialista.
O lançamento de Threads chega apenas quatro meses depois que vazaram os primeiros rumores sobre o projeto. "Estamos pensando em uma rede social independente e descentralizada para compartilhar mensagens de texto em tempo real", afirmou o grupo em um comunicado enviado à AFP, na terça-feira.
A Meta não fez uma comunicação formal sobre o lançamento da plataforma, que acontece poucos dias depois de uma nova polêmica relacionada ao Twitter. No sábado passado, o principal acionista da rede, o bilionário Elon Musk, anunciou a imposição de um limite na quantidade de leitura de tuítes permitida, com diferenças entre assinantes, o que não caiu bem entre os usuários do aplicativo, desenvolvedores e anunciantes.
A decisão faz parte de uma série de mudanças que o magnata tem implementado na plataforma, como as novas regras para perfis verificados mediante assinatura e a demissão de quase todo o pessoal dedicado à moderação de conteúdo.
Além disso, na segunda-feira (3), o Twitter anunciou que a extensão TweetDeck, um aplicativo de mídias sociais que integra mensagens do Twitter e do Facebook e que é bastante popular entre usuários mais assíduos e empresas, seria acessível apenas através do plano de assinatura.
Não disponível na UE
Por ora, a Meta optou por não abrir a Threads aos residentes da União Europeia, até que se esclareçam as implicações para a empresa e seus produtos do novo Regulamento de Mercados Digitais (DMA, na sigla em inglês), que entrou em vigor no início de maio, segundo uma fonte familiarizada com o tema.
Em maio, o Twitter decidiu abandonar o código de boas práticas da União Europeia (UE) contra a desinformação na internet.
(Com informações da RFI e da AFP)
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