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Violência urbana explode em subúrbio de Paris após morte de menor por policial; governo francês pede calma

O presidente francês, Emmanuel Macron, falou nesta quarta-feira (28) durante o Conselho de Ministros sobre a "emoção" que envolve a morte do adolescente Naël M., 17 anos, atingido no peito pelo tiro de um policial, durante uma blitz. O porta-voz do governo, Olivier Véran, pediu "calma" diante da violência que toma conta de Nanterre, na região parisiense, onde ocorreu o drama.

Bombeiros apagam fogo de carro destruído por manifestantes em Nanterre, após morte de jovem que levou tiro de policial.
Bombeiros apagam fogo de carro destruído por manifestantes em Nanterre, após morte de jovem que levou tiro de policial. AFP - ZAKARIA ABDELKAFI
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Na noite de terça (28) para quarta-feira (29), um prédio da prefeitura de Mantes-la-Jolie, em Yvelines, na região parisiense, foi incendiado e destruído em um novo protesto pela morte de Naël M, ocorrida na terça de manhã. O incidente gerou uma série de tumultos no subúrbio situado ao lado de La Défense, o bairro de negócios da capital parisiense.

"A prefeitura foi totalmente destruída pelo fogo depois do que ocorreu em Nanterre", disse o prefeito da cidade, Raphaël Cognet, em um comunicado publicado no Twitter. O incêndio não deixou vítimas, segundo a prefeitura de Yvelines, e foi controlado por volta das 3h. Os moradores do bairro condenaram o ato, escreveu o prefeito.

Cerca de 2 mil policiais serão mobilizados nos subúrbios parisienses para prevenir novos tumultos, segundo o ministro do Interior, Gérald Darmanin. A violência que tomou conta dos arredores da capital nesta terça resultou na detenção de 31 pessoas. Vinte e quatro policiais ficaram feridos e 40 carros foram queimados, disse Darmanin durante uma coletiva de imprensa na Secretaria de Segurança Pública de Paris, que mobilizou 350 policiais na noite passada. 

O ministro pediu "calma", lembrando que é necessário aguardar as conclusões do inquérito. "Tomaremos decisões administrativas e vamos suspendê-lo se as acusações forem retidas", declarou, em referência ao policial autor do tiro, que está sob custódia. 

"Antes de mais nada, penso na vítima e em sua família. Gostaria de dizer que queremos esclarecer o que aconteceu de fato, o mais rapidamente possível, mas respeitando o trabalho da Justiça." As imagens que circularam nas redes foram publicadas por uma testemunha da cena e"são extremamente chocantes", disse Darmanin. 

Vídeo mostra tiro à queima-roupa

Após o incidente, fontes afirmaram que o veículo onde estava o adolescente tinha tentado atingir as duas motos da polícia que faziam a blitz.

Mas, um vídeo que circulou nas redes sociais, e foi autentificado pela agência AFP, desmente essa versão. Ele mostra um dos policiais apoiado no para-brisa, segurando o jovem motorista pela bochecha, com uma pistola na mão. Em seguida, ele dá um tiro à queima-roupa quando o adolescente acelera para ir embora.

Nas imagens, é possível ouvir a frase "você vai levar um tiro na cabeça". O carro da vítima parou cerca de dez metros mais longe, depois de bater em um poste. Naël M. morreu pouco tempo depois de levar o tiro.

As equipes de emergência tentaram realizar uma massagem cardíaca para reanimar o adolescente, mas ele não resistiu aos ferimentos. O incidente ocorreu perto da estação de trem de Nanterre.

De acordo com as primeiras informações da investigação divulgadas pela Promotoria de Nanterre, três pessoas estavam no veículo, uma Mercedes AMG, quando os dois policiais de moto decidiram controlar os jovens. Um dos dois passageiros, que também era menor, foi preso e colocado em custódia, antes de ser liberado. O outro fugiu.

A Justiça francesa abriu dois inquéritos para averiguar o caso. Um processo vai investigar se o jovem resistiu à prisão e tentou jogar o carro contra os policiais, o que poderia ser qualificado como tentativa de homicídio voluntário. O policial também pode ser indiciado pelo mesmo crime, em um outro processo. A família da vítima já anunciou que prestará queixa contra o autor do tiro.

Mbappé: "Situação inaceitável" 

"Essa situação é inaceitável", disse o craque Kylian Mbappé, que publicou uma mensagem no Twitter dizendo que "sofre" pelo que está acontecendo em seu país. "Meus pensamentos estão com a família e os amigos de Naël, esse anjo que partiu cedo demais."

Esta não é a primeira vez que o jogador assume uma posição pública contra a violência policial: em novembro de 2020, ele denunciou "a violência inadmissível" do espancamento, captado por câmeras de segurança, de um produtor musical negro por policiais em Paris.

A mãe de Naël, Mounia, pediu, em um vídeo divulgado no Tik Tok nesta quarta-feira (28), que uma "marcha de revolta" seja organizada nesta quinta-feira, saindo da prefeitura de Nanterre. Ela também pediu que a foto do filho não seja mais divulgada nas redes sociais.

(Com informações da AFP)

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