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Quatro anos após incêndio em Notre Dame, relíquias de Cristo são expostas na França

Quatro anos após o incêndio que devastou a catedral de Paris em 2019, o Museu de Belas Artes de Carcassonne (sudoeste) recebe a exposição "Viollet-le-Duc trésors d'exception" até 1º de outubro de 2023. Salvos no último segundo das chamas, todos os relicários da Paixão de Cristo foram projetados pelo famoso arquiteto Eugène Viollet-le-Duc (1814-1879). Entre as peças, uma caixa usada para guardar um dos pregos atribuídos à crucificação de Cristo.

Um padre limpa a Coroa de Espinhos, uma relíquia que os católicos dizem ser da crucificação de Cristo e um dos itens mais famosos salvos em Notre-Dame. Um incêndio colossal varreu a famosa Catedral de Notre-Dame no centro de Paris em 15 de abril de 2019.
Um padre limpa a Coroa de Espinhos, uma relíquia que os católicos dizem ser da crucificação de Cristo e um dos itens mais famosos salvos em Notre-Dame. Um incêndio colossal varreu a famosa Catedral de Notre-Dame no centro de Paris em 15 de abril de 2019. AFP/File
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Pela primeira vez, desde o incêndio em Notre Dame de Paris, em 2019, as peças de prata do tesouro da catedral estão em exposição para o público em geral no Museu de Belas Artes de Carcassonne (sudoeste).

A Coroa de Cristo

As relíquias da crucificação de Cristo foram trazidas de Jerusalém pelo rei francês São Luís, em 1239, durante as primeiras Cruzadas, para serem depositadas na Sainte Chapelle, que foi construída exatamente para este fim. Anos depois, as relíquias foram levadas para a Notre-Dame, onde eram mantidas e veneradas pelos fiéis.

As "relíquias da paixão" são objetos que se presume terem sido usados na crucificação de Cristo. A Notre Dame de Paris preserva a coroa de espinhos, um pedaço da cruz e um prego.

De Jerusalém a Paris

A história das relíquias começou em Jerusalém, quando Cristo foi condenado à morte. Dizem as escrituras que, na véspera de sua crucificação, uma quinta-feira, os soldados romanos zombaram dele, vestindo-o com um manto roxo. Eles também o teriam coroado com uma coroa de espinhos, como uma espécie de "ornamento real".

Já no século IV, relatos de peregrinos mencionam a veneração dos instrumentos da crucificação. Entre os séculos VII e X, essas relíquias foram gradualmente transferidas para Constantinopla [atualmente Istambul], onde ficaram a salvo da pilhagem.

Em 1238, Balduíno II de Courtenay, o imperador latino de Bizâncio, em dificuldades financeiras, vendeu a Coroa de Espinhos ao rei francês Luís IX, o futuro São Luís.

Em 19 de agosto de 1239, as relíquias chegaram a Paris em uma procissão. O rei se despiu de seus trajes reais, vestiu uma túnica simples e, descalço, carregou a coroa de espinhos até a Notre-Dame de Paris. 

 

O interior da Catedral de Notre Dame, construída no século 12, foi extensivamente renovado no século 19 com o arquiteto Eugène Viollet-le-Duc.
O interior da Catedral de Notre Dame, construída no século 12, foi extensivamente renovado no século 19 com o arquiteto Eugène Viollet-le-Duc. Hugo Passarello Luna

 

Viollet-le-Duc, o designer

Essa é uma faceta menos conhecida de Viollet-le-Duc, mas o ilustre arquiteto também foi um talentoso designer de móveis litúrgicos.

Entre as criações excepcionais do ourives em exposição no Musée de Carcassonne estão incensários e estátuas, bem como o relicário da Santa Coroa e outra peça projetada para abrigar um dos pregos que se diz ter sido usado durante a crucificação de Cristo.

"Estamos lidando com um objeto quase arquitetônico. Viollet-le-Duc projetou objetos ou obras de arte da mesma forma que restaurou ou projetou edifícios", explica Gaël Favier, curador da exposição.

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