Estado laico desde o século passado, França investiga orações muçulmanas em escolas públicas
Desde a lei que estabeleceu o Estado laico na França, em 1905, nenhum atributo religioso de nenhuma crença pode figurar no espaço público, o que inclui escolas e áreas administrativas. O ministro da educação da França ordenou nesta sexta-feira (16) uma investigação administrativa depois que alunos de Nice (sudeste da França) organizaram orações em sua escola, que o conselho municipal disse serem muçulmanas. O tema costuma ser instrumentalizado pela extrema direita local para ganhar votos.
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"Os acontecimentos em três escolas primárias de Nice são intoleráveis", disse o ministro francês da Educação, Pap Ndiaye, no Twitter, acrescentando que os pais dos alunos haviam sido convocados.
Em uma rara declaração conjunta com o prefeito de extrema direita de Nice, Christian Estrosi, o ministro francês acrescentou que "alguns alunos organizaram momentos religiosos e orações durante o intervalo do almoço".
Em seu Twitter, Ndiaye afirmou que "o Ministério da Educação da França e a cidade de Nice estão intensificando sua cooperação para garantir que as escolas permaneçam livres de qualquer influência religiosa. O princípio do secularismo não é negociável em nossa República".
Respeito à laicidade na França
Ele também se referiu a outros incidentes ocorridos em uma escola primária e um liceu público administrados pelo Estado francês e garantiu que tomaria "todas as medidas necessárias para garantir o respeito ao secularismo" nas escolas.
Minuto de silêncio pelo profeta Maomé
Em uma carta endereçada ao primeiro-ministro e publicada no Twitter, o prefeito de Nice, Christian Estrosi, denunciou "incidentes extremamente graves" envolvendo "crianças da CM1 e CM2 [9 e 10 anos de idade] que fizeram a oração muçulmana nas dependências da escola".
Três escolas estão envolvidas no caso. Um dos alunos envolvidos "tomou a iniciativa, em 8 de junho, de organizar um minuto de silêncio em memória do Profeta e convocou seus colegas de classe a participar", de acordo com o prefeito de Nice.
"Esse aluno foi denunciado à prefeitura por suspeita de radicalização", disse à agência AFP Natacha Chicot, chefe da autoridade educacional de Nice. Chicot disse ter informado a prefeitura de Nice sobre o incidente em 14 de junho.
Os incidentes ocorreram durante o período em que os alunos permanecem na escola para brincar antes e depois do almoço, um intervalo após a aula pelo qual a prefeitura é responsável.
O ministro da Educação e o prefeito de Nice anunciaram que os professores e a equipe municipal receberão treinamento conjunto, além do treinamento que já recebem sobre o secularismo e os valores da República.
(Com AFP)
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