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França tem mais uma jornada de mobilização contra a reforma da Previdência

Cinco meses após o início da contestação ao projeto de lei do governo do presidente Emmanuel Macron para a reforma das aposentadorias, a França foi palco nesta terça-feira (6) da 14ª rodada de mobilização contra a medida. Apesar de ter sido promulgada em 15 de abril, a reforma continua a ser objeto de oposição, com cerca de 250 atos ocorridos em todo o país, incluindo uma grande marcha em Paris. 

Franceses participam do 14º dia de protestos contra a reforma previdenciária. Em Paris, em 6 de junho de 2023. REUTERS/Stephanie Lecocq
Franceses participam do 14º dia de protestos contra a reforma previdenciária. Em Paris, em 6 de junho de 2023. REUTERS/Stephanie Lecocq REUTERS - STEPHANIE LECOCQ
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Na capital, o cortejo partiu da Esplanada dos Inválidos, às 14h pelo horário local (9h em Brasília), em direção a Praça da Itália, no sul de Paris, onde os primeiros participantes chegaram três horas depois. 

O movimento acontece a dois dias da análise de um projeto de lei, na Assembleia Nacional, com o objetivo de revogar a reforma. Na quinta-feira (8), os parlamentares irão votar a iniciativa do grupo parlamentar Liot, que visa frear as mudanças em andamento. "Vocês deveriam apaziguar o país e continuam jogando óleo sobre o fogo", julgou o líder desse grupo parlamentar, Bertrand Pancher, em discurso na Assembleia.  

O balanço de participantes, tanto das autoridades quanto dos sindicatos, é o mais baixo desde o início do movimento social em janeiro: 8.000 a 50.000 manifestantes em Toulouse, entre 5.500 e 10.000 em Rennes, ou mesmo 5.000 a 10.000 em Grenoble. 

No final da tarde, a CGT (Confederação Geral do Trabalho) contabilizava 300.000 manifestantes em Paris, 31.000 segundo as forças de ordem. Uma mobilização fraca em relação a grande manifestação ocorrida no dia 1º de maio, quando a marcha reuniu 550.000 pessoas, ainda de acordo com os números dos sindicatos. Em toda a França, o balanço indicava 900.000 participantes.

Em entrevista à RFI, o deputado William Martinet, do partido da esquerda radical a França Insubmissa (LFI), explicou que o objetivo da mobilização era dizer que os franceses não vão abandonar a batalha contra a reforma da Previdência. "O governo tem de entender que ele não vai conseguir virar a página. Vamos contestar até o final e o Executivo não vai conseguir se livrar desse movimento", acrescentou. "É também uma forma de dizer aos macronistas que não somos bobos e o que eles estão fazendo é um desvio antidemocrático, porque não permitir que os deputados votem um tema tão importante quanto a reforma da Previdência é uma atitude antidemocrática", concluiu o parlamentar.  

O líder da esquerda radical, Jean-Luc Mélenchon prometeu que "a luta vai continuar de uma maneira ou de outra".  

Sede do Comitê Olímpico invadida

Membros da CGT invadiram o prédio que abriga o Comitê Olímpico Paris-2024, em Aubervilliers, em Seine-Saint-Denis, zona norte da região metropolitana da capital francesa. Os manifestantes protestavam contra a reforma das aposentadorias e contra os Jogos Olímpicos.

Porém, além de algumas de ações mais contundentes, como a invasão do local, ou cortes de energia ocorridos nos subúrbios de Paris, os distúrbios foram muito limitados.

Ao longo do cortejo, alguns indivíduos que causavam perturbações foram retirados pela polícia, na região de Montparnasse, em Paris. O esquema de segurança mobilizou cerca de 11 mil homens em toda a França, 4 mil na capital. "Nós estamos prontos para reagir aos vândalos e aos black blocs", disse o secretário de Segurança de Paris, Laurent Nuñes. 

Um famoso restaurante, La Rotonde, que já havia sido alvo dos manifestantes, dessa vez foi protegido por seguranças. No protesto de 6 de abril, o estabelecimento, que reuniu a equipe de Macron durante a campanha eleitoral, foi depredado.

Macron na Normandia

Nesse 14.º dia de protestos pelo país, o presidente Emmanuel Macron e a primeira-ministra, Élisabeth Borne, visitaram o memorial em homenagem aos mortos no desembarque das forças aliadas na Normandia, ocorrido em 6 de junho de 1944, durante a Segunda Guerra Mundial.  

Nessa região do norte da França, entre 4.000 e 6.000 pessoas se reuniram na praça Napoleão, em Cherbourg para protestar contra o governo. Os manifestantes gritavam: "continuemos mobilizados".  

Os dois primeiros decretos de aplicação da reforma da Previdência foram publicados no Diário Oficial de domingo (4), inclusive o artigo que aumenta progressivamente a idade legal para aposentadoria de 62 para 64 anos".  

Em sua conta no Twitter, o primeiro-secretário do Partido Socialista, Olivier Faure, acusou o governo de "privar os franceses do debate" e de "governar contra o seu próprio povo".  

 

Em Sens, na região da Borgonha, 400 manifestantes marcharam esta manhã em protesto.  

Em Guéret, na Nova Aquitânia (sudoeste da França), cerca de 950 pessoas participaram da manifestação, bem menos do que os 4.000 do dia 1 de maio. 

Ao contrário de mobilizações anteriores, houve pouca adesão nas escolas, com pouco mais de 5% dos professores em greve, segundo o ministério da Educação.  

Nos transportes, a companhia ferroviária SNCF confirma uma leve perturbação, com o cancelamento de um em cada 10 trens, em média.  

A Direção Geral de Aviação Civil diz que as companhias aéreas cancelaram um terço de seus voos no aeroporto de Orly. 

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