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Violência física e psicológica: relatório aponta abusos e maus-tratos em creches na França

A morte de uma criança de 11 meses forçada a ingerir soda cáustica pela funcionária de uma creche particular, em Lyon, no sudoeste francês, no ano passado, foi o gatilho para uma investigação nacional sobre as condições de atendimento na educação infantil no país.

Manifestação em outubro de 2022 pede melhores condições e mais funcionários nas creches francesas
Manifestação em outubro de 2022 pede melhores condições e mais funcionários nas creches francesas AFP - CHRISTOPHE ARCHAMBAULT
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O relatório da Inspetoria Geral de Assuntos Sociais, publicado nesta terça-feira (11), mostra um cenário que pede intervenção do governo, com casos de violência psicológica e física contra crianças de menos de três anos.

Os inspetores visitaram 36 estabelecimentos públicos e privados em toda a França, além de recolherem questionários respondidos por mais de 5 mil diretores de creche, 12 mil funcionários de estabelecimentos infantis e 27,7 mil pais.

Os testemunhos mencionam crianças que ficam sem receber água ou outras bebidas “para que troquemos menos suas fraldas”. Bebês deixados com a fralda suja por longas horas. Crianças humilhadas e insultadas pelos funcionários que deveriam cuidar delas: “Você está chorando por nada”, “você fede”.

Há também relatos de abuso físico: funcionários que tapam o nariz das crianças para obrigá-las a abrir a boca na hora das refeições, que puxam os cabelos como reprimenda e chegam a amarrar bebês ao aquecedor para não saírem do lugar.

Os autores ainda mencionam casos de crianças trancadas no banheiro, ou que são privadas de dormir pela falta de camas em número suficiente.

O retrato do atendimento nas creches mostra condições muito díspares de instituição para instituição, e pouca fiscalização para garantir a segurança dos pequenos, que têm de 3 meses a 3 anos. De acordo com o relatório, as creches públicas e privadas com frequência "não têm condições para garantir o atendimento de qualidade".

Fiscalização deficiente

A Inspetoria recomenda grandes mudanças na política de fiscalização e atendimento para prevenir os casos de abuso infantil. 

O documento indica que o tema recebe atenção insuficiente embora "os riscos e os fatos relatados sejam idênticos aos observados em qualquer atendimento a pessoas vulneráveis e dependentes", ou seja, em lares de idosos ou estabelecimentos para deficientes, dois tipos de instituição que figuram em escândalos recentes de maus-tratos na França.

O relatório pede o fortalecimento dos controles, o aumento do número de profissionais por criança e maior exigência de qualificação para o trabalho, assim como ampliação do financiamento dos estabelecimentos para melhorar sua qualidade.

Após a divulgação do relatório, o Ministro da Solidariedade, Jean-Christophe Combe, informou que todas as recomendações do relatório serão levadas em conta e que o governo deve "agir rapidamente". 

(Com AFP)

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