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"França nação de bicicletas": governo lança plano de € 250 milhões para estimular o setor

Fazer da França uma “nação de bicicletas”. Esse é o projeto anunciado, nesta terça-feira (20), pela primeira-ministra francesa Elisabeth Borne, ao lançar um novo plano destinado a favorecer o acesso da população à bicicletas e que contará com financiamento de € 250 milhões, em 2023. O número de ciclistas cresceu mais de 10% no país, este ano.

Ciclista numa ciclovia de Lyon, na França. Em maio de 2020.
Ciclista numa ciclovia de Lyon, na França. Em maio de 2020. Robert DEYRAIL/GAMMA-RAPHO
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A bicicleta é um meio de transporte "acessível, ecológico e bom para a saúde", um "é bom para o desenvolvimento da prática desportiva" e "para a nossa economia", defendeu a chefe de governo.

Há quatro anos, quando ainda era ministra dos Transportes, Borne já havia lançado um primeiro plano voltado para bicicletas, dotado de € 350 milhões, ao longo de 7 anos (2018-2025), aos quais se juntaram mais € 150 milhões do plano de recuperação do Estado, após a pandemia de Covid-19.

O governo avaliou a iniciativa como "um verdadeiro sucesso", nas palavras de Borne, que estava acompanhada de vários ministros, como Clément Beaune (Transportes) e Christophe Béchu (Transição Ecológica), que chegaram, ambos, pedalando para a ocasião. 

Béchu destacou que os créditos do primeiro plano "foram gastos em apenas quatro anos".

Antes rejeitada pelos franceses, a bicicleta se tornou "o meio de transporte mais vendido" em 2021, graças à ajuda para reparo e aquisição de novos modelos, disse Borne.

Além disso, foram criados cerca de 14.000 quilômetros de ciclovias 160.000 jovens participaram de treinamento para "saber andar de bicicleta". Este segundo plano continuará a desenvolver infraestruturas cicláveis. Do total anunciado, € 85 milhões já são previstos para esse ano.

A França é o segundo país depois da Alemanha em cicloturismo, com rotas cada vez mais importantes e bem equipadas. O país é coberto por dez rotas europeias, ou seja, 8.000 km, com 90% delas concluídas. O plano nacional de ciclovias abrange 13.000 km, dos quais aproximadamente 75% já foram concluídos.

Cresce o número de ciclistas

O uso da bicicleta aumentou 11%, nos primeiros 9 meses de 2022, em relação ao mesmo período do ano passado, e 33% em relação a 2019, de acordo com a rede Vélo & Territoires, que compila dados de cerca de 300 pontos de contagem de bicicletas no país. Os pontos com mais passagens desse tipo de veículo estão em Paris, Estrasburgo, Grenoble e Nantes.

Com o início do ano letivo, o contador que fica no Boulevard de Sébastopol, o mais movimentado de Paris, bateu um recorde na sexta-feira (16 ), com 19 mil passagens de bicicletas (nos dois sentidos), segundo o site da prefeitura. Nas zonas rurais, no entanto, o ciclismo ainda é “frágil”, especifica a Vélo & Territoires.

Uma pesquisa da Union Sport & cycle, que representa empresas do setor, aponta que 65% dos franceses pedalaram pelo menos uma vez nos últimos 12 meses. A prática de lazer continua a ser maioria (50% dos pesquisados), a desportiva representa (26%), enquanto 18% dos ciclistas utilizaram a bicicleta para deslocamentos diários.

O uso da bicicleta no entanto, exige a instalação de infraestruturas seguras para os ciclistas, como ciclovias separadas do resto do trânsito.

Vendas explodem

As vendas de bicicletas explodiram na França com a greve dos transportes, no final de 2019, e depois com a pandemia de Covid-19. Quase 2,8 milhões de unidades foram vendidas em 2021, ou seja, +4% em um ano, apesar da escassez de peças que desacelerou a produção global.

Os ciclistas franceses investem nas bicicletas elétricas, que já representam quase um quarto das vendas. Um modelo elétrico é vendido, em média, por € 1.993 (quase R$ 10 mil). O preço médio das bicicletas clássicas é de € 423 (pouco mais de R$ 2 mil).

Marcas poliesportivas como Decathlon ou GoSport respondem por dois terços do volume de vendas, mas muitas pequenas oficinas e lojas ressurgiram.

Não mais "Made in France"

"Apesar de um forte histórico industrial da bicicleta, a França produz, atualmente, o equivalente a um quarto das bicicletas vendidas em seu território", ou 800.000 unidades, lamentou o deputado Guillaume Gouffier-Cha (LREM), em seu relatório sobre a setor do ciclismo, no início de 2022.

Ainda que a produção tenha crescido acentuadamente na França (+25% em um ano, em 2021), as importações também aumentaram 20%, principalmente de Portugal, Itália e Romênia. A indústria francesa planeja se aproximar de um milhão de unidades, em 2022, sendo a maioria de bicicletas elétricas.

(Com informações da AFP)

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