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Onda de calor na Europa: "No futuro poderemos ter 50°C na França", prevê climatologista

A França vem batendo recordes históricos de calor desde segunda-feira (18) e, nesta terça-feira (19), Paris registra 41°C. Sufocada, a população se pergunta até onde o termômetro pode subir. Em entrevista à RFI, a climatologista Françoise Vimeu não descarta temperaturas em torno de 50°C daqui a alguns anos.

Termômetro marca 43°C em uma farmácia de Nantes, no oeste da França, em 13 de julho de 2022.
Termômetro marca 43°C em uma farmácia de Nantes, no oeste da França, em 13 de julho de 2022. REUTERS - STEPHANE MAHE
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No total, 64 municípios bateram recordes de calor na segunda-feira, como Biscarrosse, no sudoeste, que registrou 42,6°C neste que é o segundo episódio de temperaturas extremas na França apenas neste mês. Cidades da região da Bretanha, na costa noroeste, os locais tradicionalmente mais frios do país, tiveram temperaturas inéditas próximas dos 40°C.

Enquanto a onda de calor se move em direção ao leste da Europa, os franceses se perguntam até quando o fenômeno pode durar e se ele pode se intensificar. A resposta não inspira nem um pouco de otimismo e especialistas preveem que, em alguns anos, a França e outros países europeus podem registrar temperaturas em torno de 50°C.

"Esperamos nos próximos 20, 30 anos, ondas de calor certamente mais intensas, e por que não, no futuro, durante algumas horas, poderemos ter 50°C registrados em algumas estações meteorológicas da França", afirma a climatologista Françoise Vimeu, do Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento. 

Segundo a especialista em evolução do clima, a intensificação do calor no mundo vai depender das políticas adotadas pelos governos nos próximos anos para diminuir a emissão de gases de efeito estufa. No entanto, segundo ela, o aumento das temperaturas nas próximas décadas é um fenômeno irreversível. 

"Sabemos que hoje estamos em trajetórias que nos levam a anomalias de temperaturas globais de 3°C no final deste século. Temos a capacidade de limitar as consequências das mudanças climáticas. No entanto, tudo isso leva tempo. Mesmo se diminuirmos as emissões de gases de efeito estufa hoje as temperaturas continuarão aumentando nas próximas décadas", afirma. 

Ondas de calor cada vez mais intensas e precoces

Neste verão, que começou há menos de um mês no Hemisfério Norte, secas intensas e imensos incêndios vêm sendo registrados na Europa e na América do Norte. Segundo Vimeu, esse tipo de fenômeno deve se espalhar em todo o mundo e se tornar cada vez mais intenso. 

"Os cientistas realmente mostraram a relação entre eventos extremos, como as ondas de calor, e mudanças climáticas. As mudanças climáticas acabam reforçando essas ondas de calor. Então, devemos estar conscientes de que haveremos cada vez mais episódios deste tipo, que serão cada vez mais fortes e chegarão cada vez mais cedo, e além disso, mais longos", ressalta.

A climatologista explica que as temperaturas registradas durante as ondas de calor das décadas precedentes se tornaram normais atualmente. Segundo ela, no futuro, o mesmo ocorrerá com o aumento do calor do qual o mundo é palco hoje. 

"Se pegarmos como exemplo os verões de 1976 e 1983 na França, quando tivemos temperaturas consideradas excepcionais na época e que atualmente se tornaram banais. Então, o que estamos vivendo hoje vai se tornar normal em 2050. Isso é coerente com o que esperamos da evolução do clima nos anos e décadas que estão por vir", conclui Vimeu. 

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