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Reabertura de escolas na França é comparada a “roleta russa” por Libération

A reabertura das escolas do ensino fundamental na França nesta segunda-feira (26) dá início ao relaxamento das medidas restritivas para conter a terceira onda da pandemia de Covid-19. Mas a medida é criticada pela imprensa, especialistas da área de saúde e professores. Eles temem que ela seja precipitada e relance as contaminações no país.

Na imprensa francesa desta segunda-feira (26/04), a volta as aulas na França que dá início ao relaxamento das medidas restritivas para conter a terceira onda da pandemia de Covid no país.
Na imprensa francesa desta segunda-feira (26/04), a volta as aulas na França que dá início ao relaxamento das medidas restritivas para conter a terceira onda da pandemia de Covid no país. © Fotomontagem RFI/Adriana de Freitas
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As aulas presenciais são retomadas a partir de hoje apenas para as crianças do ensino infantil e fundamental, o que representa 6,5 milhões de alunos. As creches também voltam a funcionar em ritmo normal, depois de ficarem fechadas por quatro semanas. Os 5,7 milhões de pré-adolescentes e adolescentes do ensino médio ainda terão que esperar uma semana para voltar à escola. Até lá, eles terão aulas online.

A pandemia recua levemente na França há 15 dias, mas o número de contaminações continua elevado com cerca de 30 mil novos casos por dia. Por isso, a reabertura das escolas preocupa, apesar de um protocolo rígido. O governo promete distribuir um milhão de testes de saliva, destinados às crianças, e 64 milhões de testes rápidos de antígeno para professores, funcionários e adolescentes, em todo país. No primeiro caso de Covid-19 detectado, a classe será fechada por sete dias e a aula passará a ser online.

Grande número de professores não vacinados

O jornal católico La Croix diz que “a apreensão” é grande porque um grande número de professores ainda não foi vacinado. “Dia D tenso” nesta volta às aulas, concorda Les Echos.

"Esse retorno às salas de aula, dez semanas antes das longas férias escolares de verão, não corre o risco de relançar a epidemia na França?", pergunta Le Parisien. O infectologista Dominique Salmon-Céron, do hospital parisiense Hôtel Dieu, entrevistado pelo diário, reconhece que o risco é grande e considera a volta às aulas precipitada.

Já o pediatra Robert Cohen, também ouvido pelo Le Parisien, tenta tranquilizar a população. Ele lembra que taxa de contaminação entre as crianças do ensino infantil e fundamental é muito pequena e que se o protocolo sanitário for respeitado nas escolas, não haverá maiores problemas.

Mas ele admite que a situação será mais delicada na semana que vem, com a volta das aulas presenciais dos alunos do ensino médio. O pediatra diz que o único meio de reabrir os colégios e liceus sem risco é acelerar a vacinação dos adolescentes antes de setembro. “O governo, que prioriza os cursos presenciais para não penalizar os estudantes mais vulneráveis, não tem nenhuma margem de erro nessa estratégia”, acredita Le Parisien.

Roleta russa

Em seu editorial, Libération compara a situação a uma roleta russa, “mas com a diferença enorme que o carregador do revólver está carregado com todas as balas”. O risco sanitário para os professores e os alunos continua exatamente o mesmo, pois “nada foi feito durante as três semanas de suspensão para criar protocolos realistas e seguros”, critica o texto.

Até medidas mais simples, como arejar as salas continuamente, não são sempre respeitadas. A única proteção para os professores não vacinados que voltaram a dar aulas nesta manhã é a afirmação “infundada” do ministro da Educação francês que continua a minimizar o papel da escola na dinâmica epidêmica, conclui Libération.

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