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Eleições legislativas em Belarus, país 'estratégico para guerra na Ucrânia', são 'encenação'

O presidente Alexander Lukashenko organiza eleições legislativas em Belarus, este domingo (25), sem oposição ou presença de observadores internacionais. Nas últimas semanas, centenas de familiares de presos políticos foram detidos. Para pesquisador bielorrusso entrevistado pela RFI, os países ocidentais não se interessam suficientemente por Belarus, país estratégico para vencer a guerra na Ucrânia. 

O presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, em São Petersburgo, em 27 de janeiro de 2024. Ele afirmou que será candidato às eleições presidenciais de 2025, neste domingo, 25 de fevereiro de 2024.
O presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, em São Petersburgo, em 27 de janeiro de 2024. Ele afirmou que será candidato às eleições presidenciais de 2025, neste domingo, 25 de fevereiro de 2024. © Vyacheslav Prokofyev/Pool via REUTERS
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"Eu não chamaria isso de eleições. Isto não tem nada a ver com eleições democráticas. É simplesmente impossível. Os candidatos da oposição não conseguiram se inscrever, nem sequer para participar na campanha, porque estão na prisão ou no exílio", diz Pavel Slunkin, pesquisador associado do Conselho Europeu de Relações Internacionais e ex-diplomata bielorrusso. 

Os observadores das eleições também foram presos, lembra Slunkin. "Apenas candidatos pró-regime podem concorrer. E os resultados desta campanha já são conhecidos por quem preparou as listas dos futuros deputados. É tudo apenas um espetáculo que eles apresentam como uma eleição", diz. 

A oposição no exílio fez um apelo para que os bielorrussos não participassem das eleições. "A oposição considera que não se trata de eleições e que isso não mudará nada", diz Slunkin. Ele lembra que dado o nível de repressão, os opositores apenas encorajaram a população a não participar sem convocar manifestações, porque "é muito arriscado". 

Ao mesmo tempo, o movimento pró-democracia bielorrusso já não tem realmente efeito político. "Estão no exílio há quatro anos e o governo de Minsk cortou com sucesso todos os laços entre eles e a população. Eles isolaram a mídia independente. Por isso, este apelo da oposição no exílio não irá realmente influenciar as pessoas", diz. 

"Além disso, muitas vezes o governo força as pessoas a votar, dizendo que, se não fizerem, serão despedidas de seus empregos ou serão presas", explica.

Desinteresse dos ocidentais por Belarus

As eleições presidenciais de 2020 em Belarus foram amplamente acompanhadas pelos países ocidentais. Mas, de acordo com Slunkin, isso mudou nos últimos dez anos. 

Para ele é um "grande erro esquecer Belarus". "Foi a partir de Belarus que a Rússia tentou conquistar Kiev e foi a partir daí que atacou a Ucrânia", explica. "Belarus também pode ser o ponto de partida para um ataque contra os países bálticos ou a Polônia. Tudo isso pode acontecer a partir do território bielorrusso", afirma.

Além disso, a Rússia também declarou que pretende instalar armas nucleares em Belarus, lembra. "Acho que o nível de atenção da comunidade internacional sobre Belarus, sabendo o que está acontecendo no país e até que ponto ele é estratégico é extremamente insuficiente", diz.

"Os representantes da oposição e eu acreditamos que o conflito na Ucrânia pode ser resolvido, não só no terreno ucraniano, mas também considerando Belarus como um recurso para Putin. Quando vemos que a população quer uma mudança de regime como vimos nas eleições presidenciais de 2020, se o Ocidente investisse política e financeiramente em Belarus, o país poderia ser um meio de resolver o conflito", afirma. "Hoje é um problema, mas no futuro poderá ser um recurso para a paz. Mas a comunidade internacional não está consciente disso, infelizmente", lamenta.

Candidato para eleição de 2025

Também neste domingo, Lukashenko declarou que seria candidato à eleição presidencial de 2025, de acordo com a agência nacional BelTA. 

"Diga a eles (a oposição no exílio) que eu me apresentarei", declarou o atual presidente a jornalistas em sua seção de voto das eleições legislativas. "Ninguém, nenhum presidente responsável abandonaria seu povo que o acompanha na batalha", afirmou. 

A 69 anos, Alexander Lukashenko dirige a Belarus desde 1994 e é um dos mais próximos aliados do presidente russo Vladimir Putin

"Ainda estamos a um ano da eleição presidencial. Muita coisa pode mudar", acrescentou. "Logicamente, eu e todos nós reagiremos às mudanças que acontecerão em nossa sociedade e à situação que enfrentaremos na eleição em um ano", afirmou. 

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