Acessar o conteúdo principal

Apesar de transferências de migrantes de Lampedusa, situação na ilha ainda é caótica

Apesar da transferência de migrantes para outras regiões da Itália aliviar um pouco a pressão em Lampedusa, a situação na ilha continua delicada. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, visitará este fim de semana a região em companhia da primeira-ministra italiana Giorgia Meloni. 

Migrantes esperam transferência da ilha de Lampedusa para o continente, sexta-feira, 15 de setembro de 2023.
Migrantes esperam transferência da ilha de Lampedusa para o continente, sexta-feira, 15 de setembro de 2023. © Cecilia Fabiano / AP
Publicidade

Blandine Hugonnet, enviada especialda RFI aLampedusa. 

A chefe do governo da Itália pediu ajuda à Bruxelas, após a chegada de quase 8.500 pessoas em três dias esta semana na pequena ilha do Mediterrâneo, próxima da Tunísia. 

Meloni pediu também que Von der Leyen visite Lampedusa para constatar a situação e ao presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, que coloque a questão migratória na ordem do dia da Cúpula da UE, em outubro. Ela anunciou que seu governo tinha a intenção de tomar "medidas extraordinárias".

Em um vídeo publicado na sexta-feira (16) em redes sociais, Meloni declara que "a pressão migratória que a Itália está sofrendo desde o começo do ano é insustentável. Ela é resultado de um contexto internacional difícil". 

Transferências 

Um amplo sistema de transferência dos migrantes para outras localidades foi organizado pelas autoridades italianas, desde a onda repentina de chegadas. Cerca de 2.000 saídas são feitas todos os dias, de barco ou avião. 

“Fomos enviados de Agrigento (na Sicília) pela Proteção Civil para trazer equipamentos, como estas pequenas tendas para protegê-los do sol, enquanto esperam o barco”, explica um voluntário. Na sexta-feira, os migrantes foram transferidos em um navio militar para a Sicília, antes de serem encaminhados a outras estruturas regionais para que suas situações de entrada no país sejam estudadas.

“Nos disseram que iríamos partir hoje, por isso viemos muito cedo a pé do 'hotspot' (administração central de acolhimento), mas não sabemos para onde vamos na Itália”, testemunha um jovem da Gâmbia à RFI. 

Centenas de migrantes, sentados no chão, um atrás do outro, alguns com toalhas na cabeça para se protegerem do sol escaldante, esperam para embarcar. Algumas raras mulheres carregando crianças pequenas estão no cais do porto comercial pelo terceiro dia consecutivo. Os candidatos ao exílio são levados para o local para deixar Lampedusa definitivamente.

Dois mil refugiados para 400 lugares

Estas transferências aliviam um pouco a pressão sobre Lampedusa. Apesar de tudo, ainda permanecem na ilha cerca de 2.000 exilados, ainda excedendo a capacidade do centro de identificação e acolhimento concebido para 400 pessoas. 

"Estamos muito longe das multidões recordes dos últimos dias", observa Francesca Basile, mas para o gestora de migração da Cruz Vermelha Italiana que gere o centro, o desafio de garantir cuidados a todos continua a ser enfrentado todos os dias. “Implementamos os procedimentos que a emergência exige. Esta é, de fato, uma situação excepcional e crítica. Aqui somos cerca de uma centena de associados e voluntários mobilizados para nos comunicarmos com essas pessoas e oferecer-lhes assistência”, explica.

Migrantes são guiados por um agente de segurança para embarcar em um navio, em Lampedusa, em 14 de setembro de 2023.
Migrantes são guiados por um agente de segurança para embarcar em um navio, em Lampedusa, em 14 de setembro de 2023. AFP - ALESSANDRO SERRANO

Apesar disso, muitos candidatos ao exílio acabam vagando pela ilha. Centenas de pessoas se aglomeram nas portas da igreja na hora do almoço em busca de algo para comer. Só ao meio-dia de sexta-feira, 5.000 refeições foram preparadas e distribuídas por moradores mobilizados, exasperados por terem a sensação de reviver os piores anos da crise migratória.

Disputa dentro da UE sobre gestão de chegadas

Os Estados-membros da UE lutam atualmente para chegar a um acordo sobre as soluções para este fluxo recorde de migrantes. O anúncio desta semana da decisão da Alemanha de suspender a recepção voluntária de requerentes de asilo da Itália foi alvo de fortes críticas. Berlim, acusada de falta de solidariedade, diz que sofre uma forte pressão migratória. O “Mecanismo Europeu Voluntário de Solidariedade” prevê a recolocação de requerentes de asilo do país de chegada à UE para outros Estados-membros voluntários.

A Alemanha, que participa neste mecanismo, critica a Itália por não respeitar a sua parte do contrato e por ter suspendido a aplicação do regulamento de Dublin. Este regulamento, do qual alguns responsáveis ​​europeus gostariam de se libertar, continua a gerar tensões. Ele estipula que a responsabilidade pela análise do pedido de asilo deve recair sobre o primeiro país de entrada na Europa, que são principalmente Itália e Grécia, mas também Espanha e Chipre.

Este sistema deverá ser mantido no âmbito do pacto reformado sobre migração e asilo, ainda em discussão. Ele também deve ser acompanhado por um mecanismo de solidariedade para aliviar o fardo que pesa sobre os países do bloco às margens do Mediterrâneo. A Comissão espera que o pacto possa ser finalizado antes das eleições europeias do próximo mês de junho.

(Com RFI e AFP)

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.