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Cientistas britânicos comemoram volta ao programa científico europeu após exclusão pelo Brexit

Após uma ausência de mais de dois anos devido ao Brexit, o Reino Unido voltará a participar do programa científico europeu Horizon, a partir desta quinta-feira (7). A perspectiva foi celebrada pela comunidade científica britânica.

Laboratório do Instituto Pasteur, em Paris.
Laboratório do Instituto Pasteur, em Paris. AFP - CHRISTOPHE ARCHAMBAULT
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A saída do Reino Unido da União Europeia (UE) e os desentendimentos entre Londres e Bruxelas no processo excluíram os institutos de pesquisa britânicos, alguns dos mais prestigiados do mundo, desse programa de cooperação. Assim, eles foram privados de um orçamento que se aproxima de €100 bilhões para o programa 2021-2027 e de intercâmbios com cientistas da UE.

Esse acordo, há muito esperado, sela a abordagem mais cooperativa observada desde a chegada do primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, a Downing Street, há quase um ano. A gestão já é marcada por um acordo com os europeus sobre a Irlanda do Norte.   

"A UE e o Reino Unido são parceiros estratégicos e aliados importantes, e o acordo de hoje comprova isso", disse Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia. "Continuaremos a estar na vanguarda da ciência e da pesquisa globais", acrescentou.

A participação do Reino Unido no Horizon após o Brexit havia sido negociada em 2020, mas Londres reclamou de atrasos persistentes, acreditando que estava arcando com o peso de divergências de longa data sobre acordos comerciais na Irlanda do Norte.

Por sua vez, o governo britânico enfatizou que o acordo alcançado com a UE significa que os pesquisadores britânicos podem se candidatar a participar de projetos de pesquisa no âmbito do programa a partir de quinta-feira, "com a certeza de que o Reino Unido participará como membro associado pleno".

Copernicus

O Reino Unido também será associado ao programa de observação da Terra Copernicus. Destacando a riqueza de "experiência e conhecimento especializado" que os cientistas têm a trazer para o cenário mundial, Rishi Sunak disse na declaração que o acordo "abre oportunidades de pesquisa sem paralelo".

Ele também avaliou que era "o acordo certo para os contribuintes britânicos", já que Londres não estaria pagando por programas de pesquisa dos quais o Reino Unido havia sido excluído desde 2021.

Durante uma visita à Universidade de Warwick (região central da Inglaterra), ele disse que "ouviu" os cientistas e pesquisadores que enfatizaram que essa era uma prioridade e elogiou os benefícios em termos de crescimento e emprego.

Um grande dia para os pesquisadores

De acordo com a Comissão Europeia, o Reino Unido contribuirá com uma média de quase € 2,6 bilhões por ano para o Horizon e a parte Copernicus do programa espacial.

As instituições científicas britânicas Academia de Ciências Médicas, Academia Britânica, Academia Real de Engenharia e Sociedade Real saudaram "um grande dia para os pesquisadores do Reino Unido e da Europa".

"O programa Horizon é um farol de colaboração internacional e os pesquisadores acadêmicos e industriais sediados no Reino Unido estarão agora de volta ao seu centro", acrescentaram.

Michelle Mitchell, diretora-executiva da Cancer Research UK (Instituto de Pesquisa de Câncer), pediu que Londres e Bruxelas trabalhem com urgência para "reconstruir a forte posição do Reino Unido no Horizon".

No entanto, o Reino Unido não participará do programa nuclear da Euratom, preferindo seguir sua própria iniciativa. Há um ano, o Reino Unido lançou um recurso contra sua exclusão dos programas europeus de pesquisa científica, usando uma cláusula do acordo pós-Brexit.

Londres denunciou "atrasos persistentes" em seu acesso a esses programas e apontou que o Reino Unido havia negociado o acesso ao Horizon em 2020, mas que a UE estava se recusando a finalizar sua inclusão na época.

Sally Mapstone, presidente da Universities UK, órgão que representa as universidades britânicas, saudou o resultado anunciado na quinta-feira: "Toda a comunidade de pesquisa, dentro e fora de nossas universidades, ficará muito feliz em saber que um acordo foi alcançado", disse ela. "Superar os obstáculos para essa parceria não foi uma tarefa fácil", frisou.

(Com AFP)

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