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Três policiais são indiciados por homicío culposo de motociclista após protesto em Marselha

Três policiais da Raid, uma unidade de elite da polícia francesa, foram indiciados nesta quinta-feira (10), em Marselha, por crime equivalente no Brasil ao homicídio culposo, pela morte de Mohamed Bendriss, de 27 anos, que pilotava uma scooter durante protestos no início de julho no sul da França.

Ação policial em Marselha em 1° de julho de 2023.
Ação policial em Marselha em 1° de julho de 2023. © AFP - Clément Mahoudeau
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Ao todo, cinco policiais foram presos ainda nesta terça-feira (8). Dois deles foram liberados e após 48 horas de interrogatório, os outros três restantes foram indiciados "pelo crime de violência com arma de que resultou a morte sem intenção de matar" e colocados "sob vigilância judicial", informou a procuradoria de Marselha em comunicado de imprensa.

Nesta condição, os policiais ficam proibidos de "ter contato com entidades civis" e "de participar no âmbito da sua atividade profissional em intervenções relativas à violência urbana e grandes ocorrências na via pública".

Na noite de 1º para 2 de julho, enquanto o centro de Marselha era palco de um motim popular, que incluiu a degradação de patrimônio e saques, o homem de 27 anos foi atingido violentamente por um tiro de borracha enquanto andava de scooter. Esta é a única morte atribuída à polícia até hoje neste episódio de violência urbana que eclodiu em várias cidades da França e durante vários dias, após a morte do adolescente Nahel, atingido por um policial durante uma operação de trânsito nos arredores de Paris, no final de junho.

Durante a autópsia do corpo de Mohamed Bendriss foram verificados vestígios do impacto de um tiro de LBD (lançador de bola de defesa). O advogado de Mohamed Bendriss, Arié Alimi, disse à AFP que a viúva de Mohamed, grávida do segundo filho do casal, está "obviamente satisfeita com o andamento da investigação" e "com a identificação inicial desses três policiais da Raid". No entanto, a defesa e a esposa pedem a imediata reclassificação dos fatos como homicídio doloso dado o duplo disparo a que seu marido foi vítima.

Por sua vez, o advogado de um dos policiais, Dominique Mattei, considerou a acusação de seu cliente "injustificada". "O perigo caracterizou-se por esta motocicleta que se lançou sobre a escolta" da polícia, referiu, acrescentando que as armas utilizadas pela polícia têm uma "letalidade reduzida".

Estas novas acusações contra membros da polícia surgem menos de três semanas após quatro outros agentes da brigada anticrime (BAC) serem investigados como suspeitos de terem espancado um jovem de 21 anos no centro de Marselha, após ferir gravemente o rapaz na cabeça com um tiro de borracha na mesma noite da morte de Mohamed. Um total de 31 investigações foram abertas por conta dos protestos no sul da França, disse uma fonte policial à AFP.

Ação policial em Marselha em 1° de julho de 2023.
Ação policial em Marselha em 1° de julho de 2023. © CLEMENT MAHOUDEAU / AFP

O caso de Mohamed

Segundo a promotoria, o exame de imagens de câmeras de segurança mostrou que na noite de 1º para 2 de julho, quando a Raid foi informada de um saque à loja Foot Locker, localizada no centro de Marselha, Mohamed Bendriss perseguiu em sua scooter um homem que fugia com uma sacola "contendo mercadorias roubadas deste comércio".

O fugitivo a pé, que posteriormente foi detido, declarou durante audiência que um homem numa scooter "tentou tirar a sacola à força e o perseguiu", obrigando ele a abandonar os bens roubados. Foi nestas circunstâncias que o homem foi atingido por dois disparos, um dos quais no tórax que foi fatal. Mesmo ferido, o homem seguiu na scooter e só foi descoberto em parada cardiorrespiratória a algumas ruas de distância.

(Com AFP)

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