Acessar o conteúdo principal

Direita e extrema direita ameaçam votação histórica sobre Pacto Verde da UE no Parlamento Europeu

A imprensa francesa destaca a ameaça que pesa sobre o Pacto Verde Europeu na votação, nesta quarta-feira (12), de um projeto de restauração da biodiversidade em áreas terrestres e do fundo do mar degradadas na União Europeia. O texto é considerado crucial ao conjunto de medidas visando tornar a União Europeia neutra em carbono em 2050, mas é combatido por agricultores e negacionistas climáticos de direita e extrema direita, que se unem no Parlamento de Estrasburgo para rejeitar a legislação.

Agricultores alemães que apoiam o Pacto Verde realizaram uma manifestação diante do Parlamento Europeu, em Estrasburgo, nordeste da França, em 11 de julho de 2023.
Agricultores alemães que apoiam o Pacto Verde realizaram uma manifestação diante do Parlamento Europeu, em Estrasburgo, nordeste da França, em 11 de julho de 2023. AP - Jean-Francois Badias
Publicidade

Apresentado há um ano, o projeto de lei obriga os agricultores do bloco a transformar 10% de áreas cultiváveis em espaços de "alta diversidade" e exige que os Estados-membros interrompam o declínio dos insetos polinizadores. Além de ONGs e cientistas, os setores da energia eólica e solar, além de grandes empresas - como Nestlé, Ikea, Unilever, Coca-Cola, Danone, entre outras - apoiam a iniciativa.

No total, 70% do solo da UE e 80% de seus habitats naturais foram degradados, e a tecnologia não será suficiente para combater as consequências do aquecimento global, destaca o jornal Le Figaro. Preservar dunas no litoral e criar novos espaços exclusivos de vegetação são essenciais na luta contra a crise climática. 

Porém, já em campanha para as eleições de renovação do Parlamento Europeu em 2024, a grande bancada de direita do Parlamento (PPE), tradicionalmente defensora dos direitos dos agricultores, se uniu aos partidos de extrema direita, majoritariamente eurocéticos e negacionistas, para derrubar as propostas. Eles consideram que a nova legislação vai longe demais ao obrigar os agricultores a reservar 10% de suas terras à biodiversidade e poderia prejudicar o desenvolvimento de energias renováveis, como os biocombustíveis. 

"Fake news"

Esses argumentos são contestados pela Comissão Europeia, que denuncia as "fake news" veiculadas pelos detratores do projeto. As bancadas de esquerda e de centro manobram para aprovar o texto. 

Em seu editorial, o jornal Libération adverte que uma derrota das medidas de recuperação da biodiversidade seria desastrosa, diante dos recordes de temperaturas, dos incêndios "monstruosos" e do derretimento das calotas glaciais registrados em várias regiões do mundo nos últimos meses.  

A votação, já considerada histórica, deve ser apertada. O presidente-executivo do Pacto Verde Europeu, Frans Timmermans, informou que caso a proposta seja rejeitada, não haverá tempo para a tramitação de um projeto substitutivo nesta legislatura.

Para alcançar a neutralidade climática em 2050, a UE fixou o objetivo de reduzir 55% de suas emissões de CO2 até 2030, em relação aos níveis de 1990, o que especialistas consideram difícil de ser concretizado. O Tribunal de Contas Europeu criticou recentemente que seriam necessários € 1 trilhão de investimentos por ano para alcançar esse objetivo, principalmente no setor privado.

Para o período de 2021 a 2027, a UE consacrou € 87 bilhões em média ao pacto Verde Europeu, o que ainda é uma gota no oceano das necessidades da transição climática. 

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.