Papa Francisco pede fim da pena de morte e convida jovens a agirem pela paz
No Dia Mundial contra a Pena Capital, o Papa Francisco renovou, nesta segunda-feira (10), o seu apelo pela abolição da pena de morte no mundo. Ao reconhecer que, neste momento, "a humanidade corre um grave perigo", Francisco ainda convidou os jovens a serem "artesãos da paz".
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"Como vocês bem sabem, estamos atravessando tempos difíceis para a humanidade, que corre um grave perigo. Isso é verdade: estamos em grave perigo", frisou o pontífice, diante de grupo de cerca de 300 jovens em peregrinação a Roma, todos procedentes da Bélgica. "Sejam embaixadores da paz, para que o mundo descubra a beleza do amor, da fraternidade, da convivência, da solidariedade", pediu.
O papa argentino voltou a manifestar a sua preocupação com a guerra na Ucrânia, um conflito que mergulhou a Europa em sua mais grave crise de segurança desde a Segunda Guerra Mundial.
Mais cedo, em um tuíte traduzido em várias línguas, o papa advogou pelo fim da pena de morte. "Peço a todas as pessoas de boa vontade que se mobilizem pela abolição da pena de morte em todo o mundo", escreveu em vários idiomas, em suas contas seguidas por quase 50 milhões de pessoas. “A sociedade pode reprimir o crime sem privar definitivamente seus perpetradores da possibilidade de redenção”, acrescentou o sumo pontífice, que renova regularmente seus apelos contra a pena capital.
I call on all people of goodwill to mobilize for the abolition of the death penalty throughout the world. Society can effectively repress crime without definitively depriving the offenders of the possibility of redeeming themselves. #EndDeathPenalty
— Pope Francis (@Pontifex) October 10, 2022
De acordo com a Anistia Internacional, até o final de 2021, 108 países haviam abolido a pena de morte por lei, para todos os crimes. E foram mais de 140 que a aboliram de direito ou de fato, ou seja, quase três quartos dos Estados do mundo.
Pelo menos 579 pessoas foram executadas em 2021 em 18 países, segundo o último relatório da Anistia Internacional, publicado em maio, mais da metade delas no Irã. Entre os últimos países a acabar com o uso da pena capital ainda estão Guiné Equatorial, Malawi, Cazaquistão e Serra Leoa.
Aprender com a história
No domingo (9), diante de cerca de 50.000 fiéis que assistiram à canonização de um bispo italiano que dedicou sua vida aos emigrantes europeus na Argentina, no início do século XX, o papa Francisco exortou o mundo a aprender com a história. O alerta foi uma referência às ameaças de guerra nuclear na Ucrânia.
Na ocasião, ele lembrou o Concílio Vaticano II, realizado há 60 anos, assim como o perigo de uma guerra nuclear que então ameaçava o mundo pela chamada crise dos mísseis em Cuba, em outubro de 1962. Esse conflito diplomático entre Estados Unidos,a então União Soviética e Cuba resultou da instalação de bases com mísseis nucleares soviéticos na ilha caribenha. "Por que não aprender com a história? Também naquela época havia conflitos e grandes tensões, mas se escolheu o caminho pacífico", afirmou o papa Francisco.
Nesta segunda-feira, a imprensa católica italiana recordou o apelo à paz do papa João XXIII, lançado através da Rádio Vaticano, e que conseguiu deter os navios soviéticos carregados de mísseis enquanto se dirigiam para Cuba. O bloqueio naval americano já estava preparado para interceptá-los.
Por trás desse histórico chamado papal, estava um delicado trabalho diplomático do Vaticano, graças a uma enorme rede de relações internacionais e a uma relação cordial entre o então papa e os presidentes John F. Kennedy (EUA) e Nikita Khrushchev (URSS), os dois líderes das superpotências.
Após a sua contribuição ao diálogo entre União Soviética e Estados Unidos pela paz no mundo, João XXIII decidiu escrever a encíclica "Pacem in terris", publicada em 1963, sobre "a Paz de todos os povos na base da Verdade, Justiça, Caridade e Liberdade".
(Com informações da AFP)
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