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Entenda como a guerra na Ucrânia forçou a Alemanha a nacionalizar gigante da energia

A Alemanha vai nacionalizar o grupo energético Uniper, prejudicado pelos cortes no fornecimento de gás russo, uma decisão radical para evitar a falência do principal importador alemão de gás, o que poderia provocar ainda mais instabilidade no mercado de energia. O anúncio foi feito nesta quarta-feira (21) por Berlim e pelo grupo público Fortum, acionista finlandês da empresa, após várias semanas de negociação.

Um funcionário da Uniper verifica as instalações de uma central de armazenamento de gás, perto da cidade de Kraiburg, na Baviera, Alemanha, em 10 de junho de 2022.
Um funcionário da Uniper verifica as instalações de uma central de armazenamento de gás, perto da cidade de Kraiburg, na Baviera, Alemanha, em 10 de junho de 2022. REUTERS - ANDREAS GEBERT
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"O governo assumirá cerca de 99% da Uniper", confirmou o ministério da Economia alemão, em um comunicado. "A Uniper é um pilar central do fornecimento de energia alemão", completou Berlim para justificar a decisão. "Esta é uma intervenção de crise, para garantir nosso suprimento de gás e proteger os consumidores", disse o ministro das Finanças, Christian Lindner.

O plano de nacionalização "tornou-se necessário", porque a situação "se agravou dramaticamente" com o encerramento no início de setembro do gasoduto Nord Stream que liga a Rússia à Alemanha, detalhou o vice-chanceler alemão, Robert Habeck, durante uma coletiva de imprensa.

A empresa fornece gás para centenas de municípios alemães. O acordo substitui um plano inicial de ajuda, divulgado em julho, segundo o qual Berlim teria uma participação de 30% no grupo. Berlim vai finalmente comprar todas as ações da Fortum, ao preço de € 1,70 por ação, num total de € 500 milhões, de acordo com o mesmo documento.

A Alemanha também pretende realizar um aumento de capital da empresa no valor de € 8 bilhões, de acordo com o governo.

"Nas atuais circunstâncias do mercado energético europeu, e reconhecendo a gravidade da situação da Uniper, este desinvestimento é o passo certo, não só para a Uniper, mas também para a Fortum", declarou Markus Rauramo, presidente do grupo finlandês.  A empresa era o principal cliente da gigante russa Gazprom na Alemanha.

Perdas chegam a € 8,5 bilhões

No total, as perdas sofridas somam "€ 8,5 bilhões", informou a Fortum, nesta quarta-feira. A situação piorou quando a Gazprom fechou temporariamente o gasoduto Nord Stream 1, no início de setembro.

A empresa alemã de energia VNG, terceira maior importadora de gás do país, também acaba de pedir ajuda ao Estado para fazer face aos prejuízos causados ​​pela subida dos preços. O governo alemão entrou em negociações com o grupo sobre um possível pacote de ajuda.

 A invasão russa da Ucrânia provocou um terremoto no mercado de energia europeu, intensificando a pressão sobre os fornecedores e aumentando os temores de possíveis desabastecimentos durante o inverno que se aproxima no hemisfério norte. A Alemanha ficou particularmente exposta a esta situação devido à elevada dependência das importações de energia de Moscou. Desde o início da guerra, Berlim tem lutado para se livrar do gás russo e garantir suprimentos alternativos.

A nacionalização da Uniper lembra as medidas de emergência tomadas por Berlim durante a crise financeira com o resgate do segundo banco do país, o Commerzbank, via entrada no capital ou, mais recentemente, a aquisição de uma participação na gigante aérea Lufthansa, durante a pandemia do Covid-19.

(Com informações da AFP)

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