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Oficial de reserva do Exército alemão é julgado por suposta espionagem para a Rússia

Um oficial de reserva do Exército alemão começou a ser julgado nesta quinta-feira (11) em Dusseldorf (oeste), sob a acusação de espionagem para a Rússia entre 2014 e 2020. O Ministério Público Federal alemão, que é responsável pelos casos de terrorismo e espionagem, suspeita que ele tenha fornecido aos serviços de inteligência russos informações sobre reservistas da Bundeswehr, como são chamadas as Forças Armadas alemãs, e sobre consequências das sanções impostas a Moscou a partir de 2014.

Na Alemanha, um militar da reserva comparece nesta quinta-feira à justiça por acusações de espionagem a serviço da Rússia entre 2014 e 2020.
Na Alemanha, um militar da reserva comparece nesta quinta-feira à justiça por acusações de espionagem a serviço da Rússia entre 2014 e 2020. AFP - CAROLINE SEIDEL
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O oficial também teria fornecido informações sobre a construção do controverso gasoduto Nord Stream 2, ligando a Rússia e a Alemanha, que teve seu funcionamento suspenso em fevereiro devido à invasão da Ucrânia.

Ralph G., como é apresentado pela imprensa alemã, alega ter agido por simpatia pela Rússia, mas nega ter sido remunerado por seus serviços. Caso seja considerado culpado pelo Tribunal Superior Regional de Dusseldorf, ele poderá ser condenado a vários anos de prisão em regime fechado. 

A revista Der Spiegel afirma que o suspeito estava em contato com dois colaboradores do serviço de inteligência militar russo GRU, oficialmente credenciados como adidos militares na Alemanha. Ele admitiu os fatos, segundo a publicação alemã, mas disse que não sabia que alguns de seus contatos trabalhavam para a inteligência russa.

Ralph G. era um oficial reservista no Exército e "dirigia um comando de ligação distrital na qualidade de chefe-adjunto", disse o Ministério Público Federal alemão no momento de sua acusação, em abril. Sua atividade profissional civil, que ainda não foi especificada, também lhe permitiu fazer parte de "vários comitês da economia alemã". Entre 2014 e março de 2020, essas duas funções permitiram a ele transmitir "documentos e informações em numerosas ocasiões, em parte de fontes públicas, mas também de fontes não públicas".

Além das informações sobre sanções relacionadas ao gasoduto Nord Stream 2 ou sobre as Forças Armadas alemãs em geral, o suspeito também forneceu a Moscou "dados pessoais e de contato de altos funcionários da Bundeswehr e de autoridades econômicas", afirmou o Ministério Público Federal na acusação.

De acordo com a revista Der Spiegel, o suspeito também entregou trechos de uma cartilha do governo alemão que propunha um endurecimento nas relações com Moscou depois da anexação da península da Crimeia, em 2014.

Reuniões presenciais 

A comunicação com os russos ocorreu na forma de reuniões presenciais, por telefone e e-mail, como foi apontado pela Der Spiegel. Ele recebeu favores, incluindo "convites para eventos organizados por instâncias do governo russo".

O julgamento acontece em um contexto de tensões crescentes entre a Rússia e o Ocidente, devido à invasão da Ucrânia pelas tropas russas em 24 de fevereiro. Mas vários casos suspeitos de espionagem têm azedado as relações entre Moscou e Berlim nos últimos anos.

No final de outubro, os tribunais alemães condenaram um ex-empregado de uma empresa de serviços de segurança em informática a dois anos de prisão, com direito a liberdade condicional, por transmitir dados sobre o Parlamento alemão à Rússia.

Em abril, a Justiça alemã também aplicou uma sentença de um ano de prisão contra um cientista russo por espionar o programa espacial europeu Ariane a pedido de Moscou. Mesmo antes da ofensiva na Ucrânia, as acusações de espionagem cibernética por parte da Rússia já prejudicavam as relações entre russos e alemães.

Em 2015, a Rússia foi acusada de hackeamento em grande escala de computadores do governo alemão (Bundestag) e de coladoradores do gabinete da então chanceler Angela Merkel, bem como a OTAN e o canal de TV em língua francesa TV5 Monde.

(Com AFP)

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