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População da Hungria reduz compra de alimentos diante da inflação recorde

A Hungria observa a inflação bater recordes, registrando um aumento nos preços de 11,7% no último mês de junho, em comparação com o mesmo período no ano passado. Mesmo que o valor da gasolina e do leite seja controlado pelo governo, os cidadãos se veem obrigados a diminuir drasticamente o consumo, principalmente de alimentos.

Um cliente observa os preços dos produtos nas prateleiras de um supermercado de Budapeste, em 1° de fevereiro de 2022.
Um cliente observa os preços dos produtos nas prateleiras de um supermercado de Budapeste, em 1° de fevereiro de 2022. AFP - ATTILA KISBENEDEK
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Com informações de Florence La Bruyère, correspondente da RFI em Budapeste

Krisztina é vendedora em uma floricultura da capital húngara. Ela contou à RFI que o aumento dos preços afetou tanto seu cotidiano que está sendo obrigada a economizar na comida. "O preço dos ovos triplicou desde o ano passado! Por isso, agora só estou consumindo o que está na promoção e não compro mais queijo, por exemplo", diz.

Com uma inflação beirando 12%, a Hungria é um dos países da União Europeia (UE) mais castigados pelo fenômeno atualmente. Apesar de fazer parte do bloco, Budapeste não integra a zona do euro, onde a inflação está atualmente em 8,6%.

Esse aumento não se deve apenas à guerra na Ucrânia e a disparada dos preços da energia elétrica. O governo populista de Viktor Orbán registrou gastos exorbitantes antes das eleições legislativas do último mês de abril que contribuíram para alimentar a inflação. 

Além disso, a moeda nacional, o florim húngaro, registrou uma queda significativa diante do euro, aumentando o valor dos produtos importados. Por isso, muitos economistas acreditam que a inflação é ainda maior no país, podendo ultrapassar 20%.

Uma estimativa que o engenheiro aposentado Gabor vive na prática. "O preço do queijo teve um aumento de 40%, a margarina de 50%! A mesma coisa acontece com o valor dos biscoitos e massas. Como é possível dizer que a inflação é de apenas 12%? Eu não acredito nisso", diz, em entrevista à RFI.

Professora em uma escola pública, Katalin diz que foi obrigada a reduzir radicalmente os gastos. "Preciso renunciar a algumas coisas: não compro mais roupas, por exemplo. Para os produtos de higiene e cosméticos, escolho os menos caros. Estou ganhando o equivalente a € 500 por mês. Não é possível viver com isso", ressalta.

Katalin e sua família também não sairão de férias neste verão no Hemisfério Norte. Ela não parece ser a única. No ano passado, na mesma época, não havia mais nenhuma reserva disponível na região do lago Balaton, célebre estação balneária no oeste da Hungria. Neste ano, os hotéis da região registram uma queda importante na frequentação.

Maior inflação em 20 anos

Os húngaros observam os preços subirem há várias semanas. No último mês de maio, a inflação já havia chegado a 10,7%, algo jamais visto desde 2001. Com o objetivo de tentar aliviar o custo de vida da população, no ano passado, o governo limitou o preço dos combustíveis para que o litro não ultrapassasse 480 florins (cerca de € 1,23). Medidas similares foram tomadas em fevereiro para seis produtos da cesta básica, como farinha e açúcar.

O Banco Central da Hungria também elevou nos últimos meses sua taxa de juros, passando a 5,4% contra 1% há um ano. No entanto, até o momento, a estratégia fracassou em frear a degringolada da moeda nacional diante do euro. 

Em abril, Viktor Orbán apontou a política de sanções da UE contra a Rússia como a responsável das dificuldades das quais o país é palco. Reeleito para um quarto mandato consecutivo há três meses, o dirigente está sob pressão após ter castigado as finanças públicas para distribuir diversas ajudas sociais antes das eleições legislativas, especialmente aos jovens e aposentados. 

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