Zelensky deve pedir em Davos entrada rápida da Ucrânia na União Europeia; França recusa
Há quase três meses do início da ofensiva, a Rússia continuou neste domingo (22) os bombardeios no sudeste da Ucrânia. O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky fará um discurso na abertura do Fórum Econômico de Davos, na segunda-feira (23), quando deve pedir ajuda internacional a seu país. Neste domingo, Paris jogou um balde de água fria nas expectativas de Kiev sobre uma possível entrada da Ucrânia na União Europeia (UE), afirmando que a adesão levará “sem dúvida 15 ou 20 anos”.
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Zelensky prepara sua intervenção que será feita por videoconferência diante da assembleia do Forum Econômico de Davos, na Suíça, que começa na segunda-feira após dois anos de interrrupção por causa da Covid-19.
O presidente ucraniano será o primeiro chefe de estado a fazer um discurso no encontro. Responsáveis políticos ucranianos estarão presentes em pessoa no Fórum, enquanto os russos foram excluídos.
Zelensky deve aproveitar o palanque para incitar o mundo a fornecer mais ajudas à Ucrânia, tanto financeiras quanto militares. O presidente ucraniano pode também reiterar o pedido feito por Kiev sobre uma adesão à União Europeia, uma “prioridade”, segundo ele.
Adesão demorada
Mas Paris descartou novamente, neste domingo, uma adesão a curto prazo da Ucrânia. “Temos que ser honestos (...) Se dizemos que a Ucrânia vai entrar na UE em seis meses, um ano ou dois anos, estamos mentindo. Não é verdade. Será sem dúvida 15 ou 20 anos, é muito longo (o processo)”, afirmou o ministro francês responsável de Assuntos Europeus Clément Beaune.
Mas a participação na comunidade política europeia, proposta no começo de maio pelo presidente francês Emmanuel Macron, é “complementar à UE” e “pode oferecer um projeto político e concreto aos países que não estão na UE e que querem se aproximar de nós”, garantiu o ministro.
Uma perspectiva que foi friamente acolhida em Kiev e que divide os países membros do bloco. O chefe da diplimacia ucraniana Dmytro Kuleba denunciou, na quinta-feira (19), o que chama de “tratamento de segunda classe” da parte de “certas capitais”.
Sábado, o presidente Zelensky foi claro: “nós não precisamos de alternativas à candidatura da Ucrânia à União Europeia, nós não precisamos destes compromissos” com a Rússia.
Domingo, diante do Parlamento ucraniano, o presidente polonês Andrzej Duda afirmou que não abandonaria os esforços “enquanto a Ucrânia não for membro da UE”, lamentando que “vozes tenham se levantado recentemente na Europa para pedir que a Ucrânia aceite certas exigências de Putin”.
“Se para a própria tranquilidade, interesses econômicos ou ambições políticas”, os países ocidentais “sacrificarem a Ucrânia, não será apenas um centímetro de seu território ou um pedaço de sua soberania, será um grande golpe ao povo ucraniano, e também a toda comunidade ocidental”, preveniu Duda.
“Somente a Ucrânia deve decidir seu futuro (...) Não pode haver negociações ou decisão tomada nas costas da Ucrânia. Nada sobre você sem você. Absolutamente! Esta é uma regra inflexível. É preciso aderir”, insistiu.
O projeto da comunidade política europeia deve ser debatido durante um encontro europeu no fim de junho.
Ataques russos
Após fracassar em tomar o controle de Kiev e sua região, as tropas russas concentram, desde março, seus esforços no leste da Ucrânia, já em grande parte nas mãos dos separatistas pró-Rússia, desde 2014, e onde os combates são intensos.
De acordo com a presidencia ucraniana, bombardeios russos atingiram as cidades de Mykolaiv, Kharkiv e Zaporijia na madrugada de domingo.
No sábado, sete civis morreram e 10 ficaram feridos em bombardeios na região de Donetsk, anunciou no Telegram o governador Pavlo Kyrylenko. Em Lugansk, uma pessoa morreu e duas ficaram feridas, declarou no mesma rede social o governador da cidade Sergui Gaidai.
“Os russos usam todas suas forças para capturar Severodonetsk”, na região de Lugansk, onde os ataques “aumentaram nos últimos dias”, disse Gaidai no sábado a noite.
O Estado-Maior ucraniano revelou em seu encontro com a imprensa quotidiano neste domingo, que o exército russo continuava “seus ataques com mísseis e aéreos em todo o território”, e tinha “aumentado a intensidade utilizando a aviação para destruir infraestruturas cruciais”.
A Rússia afirmou ter bombardeado um importante estoque de armas fornecidas pelos países ocidentais à Ucrânia, uma informação que não foi confirmada por nenhuma fonte independente.
A lei marcial e a mobilização geral na Ucrânia foram prolongados neste domingo por três meses, até 23 de agosto, o que poderia indicar que o conflito será longo.
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