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Otan reage ao anúncio da retirada de tropas russas da fronteira ucraniana com “otimismo cauteloso”

O porta-voz do governo francês, Gabriel Attal, saudou nesta terça-feira (15) um "sinal positivo" se os relatos de uma retirada militar russa da fronteira da Ucrânia forem confirmados. "Se forem confirmados, seria um sinal positivo, um sinal de desescalada que pedimos há semanas", reagiu, indicando que "estão previstas conversas entre Chefes de Estado e, em particular, com o Presidente da República francês, nas próximas horas".

Nesta foto tirada do vídeo fornecido pelo Serviço de Imprensa do Ministério da Defesa da Rússia na terça-feira, 15 de fevereiro de 2022, veículos blindados russos são carregados em plataformas ferroviárias, após o fim das manobras militares no Sul da Rússia.
Nesta foto tirada do vídeo fornecido pelo Serviço de Imprensa do Ministério da Defesa da Rússia na terça-feira, 15 de fevereiro de 2022, veículos blindados russos são carregados em plataformas ferroviárias, após o fim das manobras militares no Sul da Rússia. AP
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Apesar do anúncio de Moscou sobre a retirada de parte de suas tropas e de mais "abertura" à diplomacia, informações sobre as manobras russas na fronteira ucraniana ainda não são encorajadoras, na opinião do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson.

"A Rússia está aberta ao diálogo, mas, por outro lado, as informações que temos hoje ainda não são animadoras", disse ele neta terça-feira (15), após uma reunião interministerial de crise sobre a Ucrânia.

Johnson fez referência a "hospitais de campanha russos sendo construídos perto da fronteira ucraniana, em Belarus" e "à chegada de mais grupos táticos à fronteira". “Os sinais são mistos no momento, o que nos dá mais motivos para sermos muito firmes e muito unidos, em particular no que diz respeito às sanções econômicas” que seriam implementadas, em caso de intervenção russa, visando, em particular, o acesso de empresas russas aos mercados financeiros em Londres, continuou ele. Boris Johnson pediu "um programa de desescalada" da Rússia, incluindo a retirada de tropas e "a sensação de que a ameaça acabou". "Acreditamos que há um caminho para a diplomacia", concluiu.

Os ocidentais temem que os mais de 100.000 soldados russos concentrados na fronteira da Ucrânia estejam preparando uma invasão. A Rússia, que já anexou a Crimeia, em 2014, e vem apoiando os separatistas pró-Rússia nos conflitos no leste da Ucrânia durante oito anos, negou consistentemente qualquer intenção belicosa.

Moscou denuncia a expansão da Otan na Europa do Leste e apela a "garantias de segurança", em particular de que a Ucrânia nunca irá aderir à Aliança e que retirará a sua infraestrutura militar da Europa de Leste.

Otan espera ações concretas da retirada

A Rússia enviou sinais de sua vontade de dialogar, mas "nenhum sinal de desescalada" no terreno foi observado até agora, reagiu a Otan, destacando a permanência de armamentos nas fronteiras da Ucrânia. "Há sinais de Moscou para mais diplomacia. Isso dá motivo para um otimismo cauteloso(...) mas o movimento de tropas da Rússia não permite um abrandamento das tensões se o equipamento pesado permanecer no terreno”, alertou o secretário-geral da Aliança Atlântica, Jens Stoltenberg, durante uma entrevista coletiva em Bruxelas.

"Queremos ver uma retirada de equipamentos", insistiu Jens Stoltenberg. "As capacidades deixadas no local permitem uma invasão quase imediata", alertou. "É muito cedo para dizer que a situação está se estabilizando", completou.

Na quinta-feira (17), os ministros da Aliança Atlântica vão se encontrar com os seus homólogos da Ucrânia e da Geórgia, países candidatos a aderirem à Otan. Eles vão discutir o fortalecimento da presença militar na Romênia, no flanco sudeste da Aliança.

"Os americanos enviaram reforços para a Romênia e 2.000 soldados da Otan com contingentes alemães e italianos já estão implantados neste país", reforçou Jens Stoltenberg.

"Vamos ver se teremos de ajustar a nossa postura defensiva. É muito cedo para adivinhar pois, até agora, não vimos qualquer desescalada da Rússia", continuou.

"Estamos aguardando uma resposta às nossas propostas. Ainda não a recebemos, mas esperamos recebê-la em breve", observou Stoltenberg. Moscou "não respondeu" ao convite para organizar uma nova reunião do Conselho Otan-Rússia, lamentou.

Reconhecimento de independência

Jens Stoltenberg ainda alertou que o reconhecimento da independência dos territórios separatistas pró-Rússia, no leste da Ucrânia, seria "uma violação flagrante da soberania e integridade territorial deste país, porque Donetsk e Luhansk fazem parte da Ucrânia, dentro de suas fronteiras internacionalmente reconhecidas", completou.

Nesta terça-feira, os deputados russos votaram pedindo ao presidente Vladimir Putin que a Rússia reconheça a independência dessas duas autoproclamadas repúblicas, cujas forças combatem o exército ucraniano, com o apoio de Moscou, há oito anos.

Tal reconhecimento “complicaria a possibilidade de encontrar uma solução política e prejudicaria os esforços feitos nesse sentido”, sublinhou o secretário-geral da Otan.

 

  (Com informações da AFP)

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