Fim da pandemia? Ômicron se aproxima do pico de contaminações na Europa e gera otimismo
Os jornais franceses desta sexta-feira (14) destacam a rápida propagação da variante ômicron pela Europa. Especialistas e autoridades sanitárias têm a esperança de que essa possa ser a última grave onda da Covid-19 e o vírus evolua para uma fase endêmica.
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Em toda a Europa os líderes demonstram otimismo sobre "o começo do fim da pandemia", como declarou nesta semana o ministro da Saúde da Suíça, Alain Berset. "Explosiva, mas pouco mortal, a ômicron se aproxima de seu pico" é manchete do jornal Le Figaro. Para o chefe de estratégia da Agência de Medicamentos da Europa, Marco Cavalieri, a pandemia avança em direção à fase "endêmica", como ocorre com o vírus da gripe, por exemplo.
Os especialistas e as autoridades sanitárias vêm se baseando principalmente na situação no Reino Unido, a primeira nação da Europa afetada pela onda da ômicron. "O país atingiu seu pico há cerca de uma semana e as admissões nos hospitais vêm diminuindo nos últimos dias", escreve o Le Figaro.
Estratégia do governo francês à prova
A imprensa francesa se surpreende com a falta de medidas mais rigorosas na França. Pela primeira vez, em dois anos de epidemia, ao contrário de outros países europeus, a França recusou a possibilidade de recorrer a um novo lockdown mesmo diante da rápida expansão da variante ômicron. "Deixar o vírus se propagar é uma boa estratégia?", questiona o jornal Le Parisien.
A estratégia do governo francês preocupa os profissionais da saúde, obrigados a gerenciar, mais uma vez, a superlotação dos hospitais. Na região parisiense, a metade dos leitos das UTIs está ocupada por pessoas contaminadas pela Covid-19.
O pesquisador em imuno-oncologia Éric Billy afirma que a ausência de medidas é como "uma festa open bar para o vírus", disse ao Le Parisien. "O governo trata a epidemia hoje como se não houvesse mais nada para fazer. É paradoxal", afirma Mahmoud Zureik, professor de epidemiologia e saúde pública da Universidade de Versailles Saint-Quentin-en-Yvelines.
Embora a justificativa não seja clara por parte do governo francês, o Le Parisien destaca que a variante ômicron parece ser menos perigosa do que a delta e atingiria menos os pulmões das pessoas contaminadas. "Mas quanto maior for o número de casos, maior será a quantidade de hospitalizações: é matemático", pondera Éric Billy.
Como uma epidemia de gripe
A França não é a única a apostar nesta estratégia. O jornal Les Echos destaca que a Espanha tem a intenção de gerenciar esta nova etapa da crise sanitária como uma epidemia de gripe, sazonal, e protegendo a população mais frágil. Por isso, a ministra espanhola da Saúde, Carolina Darias, convocou recentemente os líderes europeus a modificar o sistema de registro de contágios e buscar "novos horizontes".
Por enquanto, a sugestão da ministra não obteve consenso, sobretudo entre a classe médica espanhola, que julga essa atitude prematura. O Les Echos destaca que, a exemplo de vários países europeus, a Espanha continua batendo recorde de contaminações, enquanto quase 24% dos leitos das UTIs espanholas estão ocupados por pacientes infectados pela Covid-19.
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