Acessar o conteúdo principal

Justiça britânica investiga polêmica reforma de mais R$ 1 milhão no apartamento de Boris Johnson

Acusado pelo ex-assessor Dominic Cummings de financiar a reforma de seu apartamento de função com doações privadas, o primeiro-ministro Boris Johnson negou nesta quarta-feira (28) qualquer irregularidade, após a abertura de uma investigação sobre o caso. A crise emerge a uma semana de eleições cruciais no Reino Unido.

O premiê britânico Boris Johnson, que já vinha sendo criticado por sua gestão da pandemia, também é alvo de investigações sobre os gastos com a reforma de seu apartamento.
O premiê britânico Boris Johnson, que já vinha sendo criticado por sua gestão da pandemia, também é alvo de investigações sobre os gastos com a reforma de seu apartamento. AP - Paul Ellis
Publicidade

Em 6 de maio, os britânicos votarão em eleições regionais e municipais. Será o primeiro teste nas urnas para o Partido Conservador de Johnson, desde que o Brexit entrou plenamente em vigor no início do ano e da grave crise do coronavírus. O governo é alvo há algumas semanas de uma série de escândalos envolvendo suspeitas de lobby e tráfico de influência de empresários, baseados em diversos vazamentos.

O controverso Cummings, estrategista político da campanha pró-Brexit e assessor mais influente de Johnson até sua demissão repentina em novembro, foi apontado por alguns meios de comunicação como fonte dos vazamentos. Na sexta-feira (23), ele se defendeu com um ataque devastador em seu blog contra Johnson, ao questionar a competência e a integridade do chefe de Governo.

Entre outras declarações constrangedoras, Cummings afirmou que o primeiro-ministro reformou seu apartamento de função em Downing Street com dinheiro de doadores do Partido Conservador, o que o governo negou de modo veemente.

Um porta-voz do Executivo afirmou que, além do orçamento governamental atribuído à manutenção, as obras, que custaram 200.000 libras (R$ 1,3 milhão), segundo a imprensa, foram pagas por Johnson. Mas ele não revelou se o primeiro-ministro recebeu um empréstimo, nem se inicialmente foram utilizados fundos do partido. A imprensa britânica citou uma contribuição de 58.000 libras (R$ 378 mil) de um doador que não teria sido comunicada à Comissão Eleitoral, como exige a lei.

Depois de avaliar as informações fornecidas pelo Partido Conservador, a Comissão Eleitoral anunciou a abertura de uma investigação. "Há motivos razoáveis para suspeitar que uma ou mais infrações podem ter sido cometidas. Portanto, vamos proceder com uma investigação formal para determinar se isso aconteceu", afirmou a Comissão.

O anúncio foi feito poucos minutos antes da sessão semanal de perguntas ao primeiro-ministro na Câmara dos Comuns, na qual Johnson aproveitou para se defender das críticas da oposição trabalhista. "Fui eu que paguei as despesas (...) e posso dizer que cumpri integralmente o código de conduta ministerial", afirmou.

Revelações comprometedoras  

Diante da polêmica, o Executivo anunciou nesta quarta-feira a nomeação de um assessor, Christopher Geidt, ex-secretário da rainha Elizabeth II, que terá a missão de garantir o cumprimento do código de conduta ministerial. "O primeiro-ministro e o Lorde Geidt concordaram que o trabalho irá começar pela comprovação dos fatos que cercam a reforma do apartamento de Downing Street e informar o primeiro-ministro de qualquer outra declaração de interesse", anunciou o governo.

Além das suspeitas sobre a reforma de sua residência, Johnson foi alvo de outras revelações comprometedoras, como a de ter pronunciado, há alguns meses, uma frase chocante para criticar um possível novo lockdown contra o coronavírus. O tabloide Daily Mail afirmou na segunda-feira (26) que em uma reunião no fim de outubro, Johnson teria declarado que preferia ver "corpos empilhados aos milhares" do que impor um novo confinamento. O jornal, que não revelou sua fonte, afirma ainda que Cummings guardou gravações de áudio e um registro escrito das reuniões importantes.

O gabinete do primeiro-ministro e o próprio Johnson negaram a frase, mas vários meios de comunicação afirmaram que receberam confirmações de fontes anônimas.

O líder conservador britânico é alvo de duras críticas desde o início da pandemia, há mais de um ano. Inicialmente, ele foi acusado de demorar para adotar medidas contra a Covid-19 e, depois, de desperdiçar dinheiro dos contribuintes no fornecimento de equipamentos de proteção sem licitação. Recentemente, Johnson foi acusado de manter contatos diretos com grandes empresários, como James Dyson, a quem teria prometido mudanças fiscais em troca da fabricação de respiradores para hospitais no Reino Unido, um dos países mais afetados da Europa, com mais de 127.000 mortes pela Covid-19.

Com informações da AFP

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.