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Itália/reféns

Itália: Homem que tomou ônibus e fez 51 crianças reféns pode perder cidadania

A polícia italiana evitou uma tragédia nesta quarta-feira (20) perto de Milão, no norte do país. Cinquenta e uma crianças a bordo de um ônibus de excursão foram feitas reféns por um motorista italiano de origem senegalesa. Ele chegou a colocar fogo no veículo, em protesto à morte dos milhares de migrantes que atravessam o Mediterrâneo em direção à Europa.

Os destroços de um ônibus que foi incendiado por seu motorista em protesto contra o tratamento de imigrantes que tentam atravessar o Mar Mediterrâneo são vistos em uma estrada em Milão, Itália, em 20 de março de 2019.
Os destroços de um ônibus que foi incendiado por seu motorista em protesto contra o tratamento de imigrantes que tentam atravessar o Mar Mediterrâneo são vistos em uma estrada em Milão, Itália, em 20 de março de 2019. Local Team via Reuters TV/Reuters ITALY OUT
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O promotor de Milão, Francesco Greco, não excluiu a possibilidade de um ataque terrorista. "É um milagre, poderia ter sido um massacre. Os carabinieri (policiais) agiram de forma excepcional, bloquearam o ônibus e salvaram todas as crianças", explicou. O Ministério do Interior trabalha para determinar se pode retirar a sua cidadania italiana", informaram fontes ministeriais.

Os estudantes, todos do ensino médio, retornavam de uma excursão com três acompanhantes adultos quando o motorista mudou de direção em San Donato Milanese e fez os passageiros reféns. "Ninguém vai sair daqui vivo", afirmou, de acordo com várias crianças. Segundo o depoimento de um dos estudantes, o homem contou que tinha perdido três filhos afogados no Mediterrâneo, durante as perigosas travessias organizadas por coiotes, que organizam as viagens dos migrantes, em condições deploráveis, em troca de pagamento.

“Ele nos ameaçava, dizia que se nós nos mexêssemos, ele jogaria gasolina na gente e acenderia o fogo. Dizia sem parar que havia muitas pessoas na África que continuavam a morrer e que a era a culpa de Di Maio e Salvini”, disse uma menina que estava no ônibus, se referindo aos dois vice-primeiros ministros italianos. Ela também contou que o motorista espalhou gasolina no chão e tinha uma pistola e uma faca.

De acordo com o promotor italiano, o motorista segurou duas crianças perto dele, mostrando um isqueiro que tinha na mão. Com duas latas de gasolina, ele ameaçou as crianças, tomou seus celulares e as amarrou com cabos elétricos aos assentos do meio. Um dos estudantes conseguiu pegar um celular que caiu no chão e ligar para os pais, que informaram a polícia.

Motorista forçou barreira

Quando os policiais chegaram, o motorista forçou uma barreira formada por duas viaturas, antes de ser bloqueado por três carros. Em seguida, ele incendiou o ônibus. Seis carabinieri quebraram as janelas traseiras para tirar os passageiros, antes que fosse invadido pelas chamas.

"Precisamos parar as mortes no Mediterrâneo", disse o homem, segundo a imprensa italiana. Uma dúzia de crianças e dois adultos foram levados ao hospital por leve intoxicação pela fumaça. O motorista, que foi preso e hospitalizado com queimaduras nas mãos, tem 47 anos, nacionalidade italiana há 17 anos e é de origem senegalesa. Ele é divorciado e pai de dois filhos adolescentes e chegou a publicar um vídeo no You Tube para explicar sua ação.

Em entrevista ao jornal Le Monde, o chefe da célula antiterrorista da polícia, Alberto Nobili, disse que o ato foi premeditado e estava sendo preparado há dias. “Ele queria que o mundo todo pudesse falar de sua história”, declarou. O homem foi acusado pela justiça de sequestro e tentativa de massacre com fins terroristas. O motorista, ferido, foi levado para o hospital com queimaduras leves e preso em seguida.

 

 

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