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Itália / Política / Extrema-Direita

Populistas italianos dizem que estão perto do acordo de governo

O partido de extrema-direita, Liga, e o antissistema Movimento 5 Estrelas se declararam nesta quarta-feira (16) perto de um acordo para formar um governo, uma possibilidade que desperta temores na União Europeia (UE).

Matteo Salvini, líder da Liga, e Luigi Di Maio chefe do Movimento 5 Estrelas (2018)
Matteo Salvini, líder da Liga, e Luigi Di Maio chefe do Movimento 5 Estrelas (2018) REUTERS/Max Rossi/File Photo
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Os dois partidos anunciaram ter redigido um acordo de 22 pontos em 40 páginas, que já está sendo examinado pelas respectivas lideranças partidárias, Luigi di Maio, do 5 Estrelas (M5E), e Matteo Salvini, da Liga.

Sair do euro, negociar novamente os tratados europeus, cancelar 250 bilhões de euros da dívida com o Banco Central Europeu (BCE) são ideias dos dois partidos antissistema que têm provocado temores nas autoridades europeias. A Bolsa de Milão fechou com queda de 2,32%.

Chegada dos bárbaros

O influente jornal econômico Financial Times chamou de a "chegada dos bárbaros" o possível primeiro governo antissistema da história italiana. Para o veículo, mesmo se eles representam os vencedores das eleições de 4 de março, o novo poder executivo cairá como uma bomba na Europa.

"Temos que solucionar algumas questões e encontrar os meios, mas concordamos nos objetivos", explicou Di Maio à imprensa. No rascunho do acordo publicado pelo jornal Huffington Post constam uma série de "medidas técnicas de natureza econômica e jurídica, que permitam aos Estados-membros sair da União monetária e recuperar sua soberania monetária". No entanto, a eventual saída do euro foi desmentida nesta quarta-feira: "nunca se colocou em discussão a moeda única", garantiram fontes dos dois partidos.

Um trecho do rascunho também evoca a possibilidade de pedir ao Banco Central Europeu (BCE), dirigido pelo italiano Mario Draghi, para anular cerca de € 250 bilhões da dívida italiana mantida na forma de títulos de Estado pela instituição de Frankfurt.

Outra medida seria a criação de um "comitê de conciliação", estrutura ligada aos partidos e paralela ao governo, encarregada de regular as eventuais divergências entre as duas forças políticas.

Assim que foi publicado, o texto causou uma avalanche de reações na imprensa, com jornalistas e especialistas criticando, sobretudo, sua "ingenuidade". "Poucas vezes na história da Itália um eventual governo gera reações contrárias de toda a imprensa", comentou Peter Gómez, do jornal Il Fatto Quotidiano, um dos veículos mais próximos ao M5E.

"Destruir a Itália para prejudicar a Europa", comentou o jornal La Repubblica, que se posiciona mais à esquerda do espectro político. Para Lorenzo Codogno, ex-economista-chefe do Tesouro italiano e agora à frente da consultoria LC Macro Advisors, o inventário de medidas revela "a bizarrice, a inexperiência e a defasagem entre as duas siglas".

Melhor bárbaros do que escravos

Em uma série de vídeos divulgados em suas contas no Facebook, as lideranças dos dois partidos prometeram apresentar seu futuro acordo aos italianos e à sua militância a partir deste fim de semana.

Salvini rejeitou as críticas e os "insultos" da imprensa, evocando, especialmente, uma manchete do Financial Times sobre a entrada de Roma no clube dos "bárbaros modernos". "É melhor ser bárbaro do que servo, ou escravo! Melhor ser bárbaro do que vender a própria dignidade, o futuro, as empresas e até as fronteiras da Itália. Os italianos antes de tudo!", clamou.

Os dois partidos consideram que o atual sistema político da Itália fracassou e que as políticas da União Europeia falharam, particularmente na gestão do crescente fenômeno da migração.

A Liga pede que se agilize a tramitação dos pedidos de refúgio e se expulse os presos estrangeiros "que nos custam os olhos da cara", e pretende a criação de um ministério da Segurança e das Fronteiras.

Vários exponentes da outrora Liga Norte, transformada agora por Salvini em Liga, foram ministros nos últimos 20 anos graças a seu histórico aliado de centro-direita, Silvio Berlusconi, que por enquanto não deu sua bênção a essa união.

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