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Portugal

Mário Soares, ex-presidente de Portugal, morre aos 92 anos

O ex-presidente de Portugal, Mário Soares, considerado o pai da democracia moderna do país, morreu neste sábado (7), aos 92 anos, em Lisboa. A informação foi divulgada pelo porta-voz do hospital onde o socialista estava internado.

O ex-presidente português, Mário Soares, era considerado o pai da democracia moderna de Portugal.
O ex-presidente português, Mário Soares, era considerado o pai da democracia moderna de Portugal. AFP
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Mário Soares foi internado em 13 de dezembro, uma semana após completar 92 anos, quando caiu em coma e não se recuperou mais. Depois de uma melhora passageira, seu estado de saúde se deteriorou bruscamente no dia 24 de dezembro e no dia de Natal já se encontrava em um coma profundo.

O hospital não informou ainda as causas da morte. Mas, segundo familiares, ele nunca chegou a se recuperar da encefalite que sofreu em janeiro de 2013, e sua saúde se degradou ainda mais desde a morte da esposa, em julho de 2015.

O primeiro-ministro português, Antonio Costa, lamentou a morte de Soares e decretou um luto nacional de três dias. Para Costa, o líder socialista batalhou "durante toda a sua vida pela liberdade". "Sua perda é insubstituível e deixa uma eterna saudade", reiterou.

40 anos no cenário político

O ex-presidente, que contribuiu para a queda da ditadura em 1974 e a integração do país à União Europeia, se manteve na primeira linha do cenário político por mais de 40 anos. Figura histórica de Portugal, foi o fundador do Partido Socialista Português (PSP), ministro das Relações Exteriores, duas vezes chefe de governo, presidente da República de 1986 a 1996 e eurodeputado.

Durante a ditadura portuguesa, Soares se exilou na França, onde deu aulas de Português nas Universidades de Paris VIII (Vincennes) e Paris IV (Sorbonne), tendo sido igualmente “professor convidado” na Faculdade de Letras da Universidade da Alta Bretanha, em Rennes, que lhe atribuiu o grau de Doutor Honoris Causa.  

Muito ativo até uma idade avançada, se opôs às medidas de austeridade impostas pelo ex-governo de centro-direita para equilibrar a economia do país, que esteve sob assistência econômica internacional entre 2011 e 2014.

Após a morte de sua mulher e companheira de luta, Maria Barroso, em julho de 2015, foi se retirando aos poucos da vida pública.

Visivelmente debilitado por problemas de saúde, foi homenageado em julho pelo atual governo socialista. A sua última aparição pública foi em setembro, durante uma homenagem a sua falecida esposa. 

Homenagens ao "presidente de todos os portugueses"

A imprensa portuguesa lamentou a morte de Soares neste sábado. Em matérias e editoriais, os diários homenageiam essa que consideram uma das maiores personalidades da política moderna do país.

"Quem olhar para os últimos 50 anos da história de Portugal vai encontrar sempre Mário Soares: no ataque à ditadura, na libertação democrática, na fuga ao comunismo, na opção europeia, na solidez democrática. Foi, nos momentos decisivos, o líder de que Portugal precisava – e é por isso que hoje o país lhe deve muito", escreve o Público em seu site.

Já, para o Diário de Notícias, o socialista foi "o primeiro presidente de todos os portugueses". O jornal lembra que, para seu primeiro mandato, Soares se elegeu como chefe de Estado com 70,35% dos votos, "um resultado nunca alcançado por outro político em eleições nacionais".

O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, também elogiou o líder, ou o "amigo Mário", como se referiu ao ex-presidente português em comunicado emitido na noite deste sábado. Para Juncker, a vida de Mário Soares é paralela "à história recente de Portugal e a episódios marcantes do processo de construção da União Europeia".

A nota do presidente da Comissão Europeia também destaca que, Soares foi "orgulhosamente português" e "orgulhosamente europeu". "Com o seu falecimento, Portugal e a Europa perdem um pouco de si", reiterou Juncker, ressaltando "a resistência à ditadura e a luta determinada por uma transição do seu país para a democracia".

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